OPINIÃO | Hipocrisia, sarcasmos e deboche

Leia artigo do professor Ederson Mota                                                                                                        

  “O festival de besteiras prossegue a todo vapor nas raias da impunidade”. (Elmo)

 

O que dizer das importantes instituições nacionais, dos poderes constituídos, e dos ditos ou malditos “representantes” do populacho?

Redundâncias à parte, o que se observa claramente é um corporativismo doentio, resistente  às mudanças estruturais de qualquer natureza, batalhando pela permanência nociva num status quo protecionista, arbitrário e distante do Brasil real.

Os exemplos estão por aí escancarados, televisados, gravados, documentados, diga-se de passagem, exemplos deprimentes, tais como aquele, ocorrido na calada da noite, quando a comoção nacional voltava-se para uma tragédia ocorrida com a briosa equipe catarinense da Chapecoense, em que a Câmara dos Deputados, em claro flagrante de autodefesa, aprovou maciçamente, com raras exceções, um projeto de origem popular, mas totalmente deformado e suprimido de seu conteúdo original, que visava reforçar o padrão ético e punitivo de todo e qualquer aspecto da corrupção, uma praga nacional. O que se viu, ao final, foi o deferimento de um texto “Pró-corrupção”, numa clara demonstração de distanciamento da vontade popular, com um rol de sarcasmos e deboches expressados através de discursos vazios,  na tentativa de justificar o injustificável. Já em nível de Senado, algumas autoridades foram convidadas para se pronunciar sobre o tema, pois houve um apressamento inexplicável, talvez devido às delações futuras, e, com exceção do juiz federal Moro, o respeitado julgador da “Lava-jato” e sua equipe, até conhecido ministro do Supremo pronunciou-se colocando dúvida sobre a vontade popular, dando a entender que bastaria contratar o sindicato dos “camelôs” para obter esse tipo de apoio. A TV Senado transmitiu esse lamentável episódio e a TV Cultura promoveu um debate no programa Canal Livre a respeito.

Mas deboche vultoso foi o do presidente de uma das casas legislativas, que mesmo sendo processado, negou-se a cumprir ordem de afastamento exarada pela Suprema Corte, discordando e criticando publicamente a conduta do ministro emitente, voltando-se claramente contra toda e qualquer legislação vigente. Deprimente espetáculo de alguém que se julga dono, proprietário, eterno mandatário, e que vive sintonizado com um antigo refrão de música carnavalesca dos anos 40, do século XX: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira!”

E o oráculo de plantão tinha razão, o processado permaneceu, o tribunal cedeu e, entre perdas e danos, o povo brasileiro, como sempre, paga a conta!

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