Oposição pede abertura de CPI para investigar compra de livros pelo governo Passos

Controladoria Geral do Estado apontou sobrepreço

Os vereadores de oposição Juliana Maciel (PSDB), Tatiana Carvalho (MDB), Zenilda Lemos (MDB) e Marcos Homer (Podemos) revelaram em coletiva de imprensa na noite desta quarta-feira, dia 1º, que vão pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar uma denúncia sobre possíveis irregularidades em convênio realizado entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Canoinhas, na aquisição de material didático para a Secretaria de Educação. A coletiva ocorreu na Câmara de Vereadores de Canoinhas.

Um parecer da Controladoria Geral do Estado (CGE), emitido no ano passado, apontou a ocorrência de dano ao erário público na compra de livros com sobrepreço. O convênio no valor de R$ 2,3 milhões foi assinado pelo prefeito Beto Passos (PSD) junto ao Governo do Estado em 2017.

Tatiana explicou como teve início a investigação. “A Prefeitura de Canoinhas fez dois editais de licitação para compra desse material. Primeiro edital a empresa R Sul e a empresa Projeto Cultural foram as vencedoras. Em seguida, teve outro edital e a editora NTX ganhou. O que acontece é que a prestação de contas não foi aprovada. E houve uma denúncia em que a Controladoria Geral do Estado (CGE) começou a investigar essa situação e nessa denúncia foi possível constatar indícios de sobrepreço em relação ao material e de pagamento sem fornecimento desses livros”.

De acordo com a vereadora, foi feita uma ampla investigação pela Controladoria, e essa investigação teve início no ano passado quando o então vereador Paulinho Basílio (MDB) fez uma série de requerimentos solicitando informações sobre os livros. Agora os vereadores da oposição farão um requerimento pedindo a instalação da CPI.

“Não estamos aqui porque somos vereadores da oposição. Estamos aqui porque temos a obrigação de investigar toda essa situação. Nós, como vereadores, temos o dever de agir, porque senão agirmos estaremos cometendo crime de prevaricação”, justificou Tatiana.

“Vamos fazer o papel que nos foi atribuído pelo povo. Precisamos fazer aquilo que é de nossa incumbência”, disse Zenilda. Ela relatou que a Controladoria esteve no Município, fez várias visitas e entrevistas, e de acordo com o relatório há fortíssimos indícios de sobrepreço que vão de 155% a 899%. “A Prefeitura pagou, segundo o relatório, o valor de R$ 59,99 a unidade, sendo que no site oficial das editoras estava sendo oferecido pelo preço de R$ 23,50, ou seja, um acréscimo – sobrepreço – de 36,49%. Houve livros que tiveram acréscimo de 899%. Além desse sobrepreço, um dos fortíssimos indícios deste relatório é o dano ao erário. Só desse item foi de mais de R$ 364 mil”, expôs a vereadora.

Quanto a composição da comissão, vereadores da mesa diretora não poderão participar da CPI. O presidente é quem escolherá os membros.

Questionados pela imprensa sobre o afastamento do vereador Osmar Oleskovicz (PSD), que avalizou a entrega dos livros, os vereadores da oposição responderam que precisam averiguar a situação. “Vamos pedir para que ele não faça parte da CPI”, comentou a vereadora Juliana.

“O valor da devolutiva é de 1% da arrecadação do município. Cada vez que a gente tirar 1%, alguém não vai receber 1% e, provavelmente, será da Educação. Temos que cobrar, o município é nosso, o Estado é nosso, o País é nosso”, disse Homer.

“Isso aqui não é nada além do nosso trabalho. Os vereadores têm o dever de fiscalizar, de fazer essa CPI para chegar às pessoas que devem ser responsabilizadas”, completou a vereadora Tatiane.


CONTRAPONTO

O JMais pediu ainda na terça-feira, 31, um posicionamento do Município sobre o assunto, mas não foi atendido.

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