Os efeitos da perda de LHS para o PMDB

Foto: Pinho Moreira e Valdir Cobalchini, apontados como o futuro do PMDB, ao lado de Colombo, acompanham velório de LHS em Joinville/Jaqueline Noceti/Secom

 

O desaparecimento de Luiz Henrique da Silveira na tarde de domingo, 10, depois de sofrer uma parada cardíaca, marca o fim de uma era na política catarinense.

Com pulso firme, LHS, como ficou conhecido na imprensa, adotou a postura do morde e assopra pra manter o PMDB unido e, com a força conquistada nos dois mandatos exercidos como governador, ter os próximos governos sob seu controle. Foi a visão estratégica de LHS que elegeu os últimos quatro governos (dois dele mesmo e dois de Raimundo Colombo, do PSD) e que preparava o sucessor de Colombo. Para LHS, o deputado federal Mauro Mariani era o nome certo para substituir Colombo. No ano passado, Mariani liderou um levante anti-Colombo, só arrefecido pelo poder de oratória de LHS. Depois de muita conversa, o senador convenceu seu pupilo a esperar até 2018. O acordo incluía o apoio do PSD.

Com a morte de LHS, muda-se o rumo da política catarinense. A polialiança em torno de PMDB e PSD já vinha dando sinais de inanição, especialmente depois que o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) deu uma declaração ao jornal Diário Catarinense afirmando que “não mando nada nesse governo.” Por esse motivo, menos de 24 horas antes de morrer, na noite de sábado, 9, LHS recebeu Pinho Moreira em sua casa de praia. A ideia era contemporizar, aproximando Pinho Moreira de Colombo. Não deu tempo. Logo depois do sepultamento de LHS, tanto Colombo quanto Pinho Moreira deram declarações protocolares se dizendo comprometidos com o legado de LHS. Na prática, no entanto, o futuro parece incerto.

 

INTERPRETAÇÕES

Para o deputado federal Mauro Mariani (PMDB), é muito cedo para avaliar o impacto que o desaparecimento que LHS vai causar no destino político de Santa Catarina. “O PMDB, mais do que nunca, necessita construir um consenso para minimizar a perda do Luiz Henrique.” Ele acredita que hoje, nem PMDB, nem PSD, tem um nome de expressão capaz de substituir LHS.

Para o deputado estadual Antonio Aguiar (PMDB), LHS fez a política com inteligência e não com ódio. “Esse é o maior legado que ele deixa”, afirma. Para Aguiar, a morte de LHS não representa o fim da coligação entre PSD e PMDB. “Queremos que o PMDB saia unido desse episódio.”

Segundo o prefeito de Canoinhas, Beto Faria (PMDB), trata-se de uma grande perda para a política catarinense. “Ele vai permanecer ainda muito presente dentro do partido, em função do carisma e dos ensinamentos que repassou ao partido. O PMDB perdeu seu maior interlocutor. Agora cabe às novas lideranças conduzir uma renovação no partido.” Sobre as declarações do vice-governador, Faria diz que é natural entre os partidos da base aliada a disputa por espaço no início do governo. “O PMDB faz parte do governo, é importante para o governo. Ocupa secretarias importantes. Não tem como haver rompimento”, opina.

Para Faria, a morte de LHS não trará reflexos para a eleição municipal de 2016. “Quem vai definir a eleição são os diretórios municipais, não estaduais”, acredita.

Vice-prefeito de Canoinhas, Wilson Pereira (PMDB), que foi secretário regional durante o primeiro governo LHS, diz que o senador foi um homem excepcional. Ele destacou a descentralização do governo, para o vice-prefeito, um ato visionário. “O PMDB tem um vácuo que precisa ser preenchido, mas não acredito que mude a relação entre o governo e o partido a partir da morte de Luiz Henrique.”

Já o secretário regional de Canoinhas, Ricardo Pereira Martin, diz que todos os partidos da base aliada sentirão a falta de LHS. “Ao ouvir o pronunciamento do governador durante o velório do Luiz Henrique percebe-se que ele tem, sim, interesse, em manter o legado do senador.” Segundo o secretário regional, não há mais animosidade entre Colombo e Pinho Moreira.

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