Vinte e duas câmeras começam a ser usadas por policiais de Canoinhas e região
Uma demonstração de como funcionarão as câmeras acopladas a uniformes de policiais militares durante evento na noite desta segunda-feira, 28, no auditório da UnC Canoinhas, campus Marcílio Dias, marcou o início das operações das 22 câmeras cedidas pelo Tribunal de Justiça ao 3º Batalhão de Polícia Militar.
Tenente Rafael Bernardino fez uma explanação inicial, pontuando como tecnicamente se darão as filmagens. “As câmeras começam a filmar assim que começa a ocorrência”, explicou.
Respondendo a um questionamento sobre uma suposta resistência dos policiais em usar o aparato, afirmou que “toda inovação traz um pouco de insegurança. Quando mudamos de revólver para pistola, muitos policiais não gostaram. Em Santa Catarina somos pioneiros no uso de tablets, não usamos mais papéis, também houve resistência, hoje todos sabem trabalhar com os tablets. Com as câmeras não foi diferente. Surgiram mitos de perseguição, mas já conseguimos demonstrar qual a real função das câmeras, que não é de perseguir policial, mas de salvaguardar seu trabalho”.
O promotor de Justiça Renato Maia de Faria fez uma palestra logo em seguida falando sobre as vantagens do novo meio de se se registrar ocorrências policiais. Ele disse que “não existe modo melhor de se analisar um fato do que com um vídeo”.
Crítico das audiências de custódia, quando o detido é encaminhado em menos de 24 horas a um juiz, Maia disse que as câmeras vão ajudar a corrigir distorções do sistema. “A audiência de custódia é uma inversão de valores. Pega um vagabundo para acusar uma pessoa de bem. Isso é errado, isso é invertido. Não sou defensor de policiais agressores. Denunciei dois policiais militares que acabaram matando. Ele (a vítima) tinha um problema mental. Dois policiais militares deram uma camaçada de pau e mataram o menino asfixiado. Esconderam o corpo. Lavaram o carro e fingiram que nada aconteceu. Os policiais foram processados, tiveram as armas apreendidas e, espero, sejam condenados”.
Completou seu raciocínio afirmando que “boas e más pessoas têm em qualquer instituição. Têm em todo o local. E nós temos de proteger as pessoas dessas pessoas de má índole. O que não podemos é aprovar excessos, alterando os valores sociais. Hoje prevalece a versão do réu. Estamos chegando nas pessoas que fazem as leis e eles se defendem obliterando o trabalho dos policiais, dos promotores. Só quem está em situação de combate sabe como são as reações que temos de tomar em situações de estresse. Então essas câmeras são fundamentais para garantir a verdade real.”
Afirmou ainda que “vagabundo só é macho quando tá na rua, na frente do juiz é não senhor, sim, senhor”.
Faria elogiou o trabalho dos policiais militares de Canoinhas no cuidado no registro da ocorrência, frisando que “essas imagens vão fazer o policial reviver tudo aquilo para registrar no boletim da ocorrência”. “Vocês vão ser os narradores da situação”, disse aos policiais que acompanharam atentamente a palestra. “Acabou o in dubio pró reo. Na dúvida, absolva-se. Vejam a importância desse simples aparato no nosso trabalho no Fórum. Vão engrandecer muito as nossas condenações”.
Na sequência, Maia garantiu que as câmeras são “uma segurança para o policial, para o promotor, para o juiz e para o próprio cidadão”, pontuando que há, também, policiais que abusam. “Essas câmeras vão coibir esse tipo de atitude”, completou.

Por fim, o promotor, que é responsável pelo controle interno da atividade, deu uma orientação aos policiais. “Não quero e não autorizo vocês a se inibirem por causa dessas câmeras. Vocês não serão perseguidos por mim por uma atitude, firme, corajosa e pró-ativa nas ruas”.