A pandemia constitui-se como uma das consequências nocivas, violentas, brutais, tanto econômicas quanto sociais e ambientais
Kátia Cristina do Carmo*
Jairo Marchesan**
A partir da modernidade, com maior intensidade na contemporaneidade, e especialmente até a atualidade, o conceito e as práticas de desenvolvimento pautaram-se nos aspectos econômicos, principalmente. Tal conceito e práticas conduziram a sociedade humana nos atuais cenários sociais, políticos e econômicos problemáticos e preocupantes. O propalado discurso e as práticas do desenvolvimento econômico não acabaram com a falta de trabalho, fome e problemas societários gerais, inclusive ambientais. Pelo contrário, acentuou os problemas e dilemas da sociedade humana mundial. Possivelmente, a pandemia da covid-19 é um dos resultados ou das consequências das grandes interferências humanas sobre os bens naturais (águas, solos, fauna e flora). Ou seja, intensa e extensa destruição dos biomas mundiais. Se a covid-19 não é a consequência disso, ela pode ser entendida como uma das implicações da super exploração da sociedade humana entre si e desta sobre os bens naturais. Deste modo, a pandemia constitui-se como uma das consequências nocivas, violentas, brutais, tanto econômicas quanto sociais e ambientais.
Diante deste caótico cenário que o mundo está vivendo, resta-nos, primeiramente, refletir o que a sociedade humana fez e está fazendo com a natureza. De igual modo, refletir, também, como são as relações da sociedade humana entre si. Posteriormente, é tempo de repensarmos as possibilidades de reconstrução de nossas relações com a natureza. Trata-se da necessidade de fazermos uma aliança com a natureza se quisermos sobreviver como espécie humana e mais uma das formas de vida deste Planeta. Afinal, da natureza dependemos para viver. Além disso, é evidente que a sociedade humana terá de rever suas relações entre si. Não é mais possível conviver com tanta ganância, exploração, conflitos, fome e outras mazelas sociais. O tempo é de reconciliação, resiliência, reconstrução, prudência e potencialização da inteligência humana para o bem comum e de relações harmoniosas e parcimoniosas com a natureza.
Por isso, é tempo de recuperação ou, se necessário, de construção de princípios e bases de bem-estar. Paralelamente, há a necessidade de estabelecermos um pacto na construção de novas relações de produção, distribuição e consumo. Afinal, o modelo de desenvolvimentismo econômico capitalista nos imputado secularmente e levado a cabo até a atualidade, está fadado a sua autodestruição e destruição das relações da sociedade humana entre si e desta sobre a natureza. Entende-se, que desenvolvimento é atuar na perspectiva do bem comum e de profundo respeito com a natureza. Na condição de seres humanos dotados de inteligência e, acima de tudo, letrados e perseguindo a condição de intelectuais, precisamos iluminar e atuar em tal perspectiva. Os tempos atuais nos exigem. Para isso, aproximações, diálogos, respeito, entendimentos, tolerância, solidariedade e democracia são princípios necessários e urgentes. Os desafios são grandes, porém, não impossíveis!
*Kátia Cristina do Carmo é mestranda no Programa de Mestrado em desenvolvimento regional da Universidade do Contestado (UnC).
**Jairo Marchesan é professor do Programa de Mestrado em desenvolvimento regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]