Sem atendimento no município, contribuintes precisam se deslocar a outras cidades para terem acesso aos benefícios
Na sessão desta terça-feira, 6, da Câmara de Vereadores de Canoinhas, vereadora Norma Pereira (PSDB) informou que a Previdência segue sem tomar providências para oferecer o atendimento perecial à população no município. Após perícia médica concluir que a profissional designada para atender os moradores de Canoinhas deverá manter-se afastada da atividade, Norma pediu o apoio dos vereadores para reivindicar a contratação de um novo médico para realizar a função. “Acredito que a gente deva renovar esse pedido, solicitando que haja a habilitação e credenciamento de um médico que não seja concursado para atender a demanda da nossa cidade”, afirmou.
O vereador Edmilson Werka (PR) destacou que acompanhou casos de contribuintes que precisaram realizar as perícias e possuem extrema dificuldade para arcar com o deslocamento. “Tem que ter respeito pelo nosso povo, que está sofrendo tanto e tanto contribui, para depois ser humilhado”, afirmou.
Ao relembrar que toda a edilidade encaminhou diversos requerimentos solicitando a resolução do problema no último ano, o vereador Paulo Glinski (PSD) lamentou que a população não seja atendida de forma adequada. “É uma vergonha que está aqui há anos, criando um problema, um embaraço”. Glinski sugeriu que os vereadores reenviem a solicitação para a Ouvidoria do Ministério Público Federal, com objetivo de realizar mais uma tentativa de solucionar o problema. “O cidadão é prejudicado e menosprezado pelo INSS. E nós, que somos a voz do cidadão de Canoinhas, temos que ir até a última consequência para que alguém escute isso”.
Glinski citou reportagem do JMais que mostra que 25% da população canoinhense recebem algum tipo de benefício da Previdência, o que mostra a importância de um perito para atender a essa demanda.
Norma voltou a ressaltar que, além de realizar a perícia em outros municípios, esta condição também implica que os contribuintes recebam seus benefícios apenas nas cidades onde foram atendidos. Norma também queixou-se da dificuldade de comunicação e demora no atendimento telefônico, realizado pelo número 135.
O presidente Coronel Mário Erzinger (PR) parabenizou os vereadores pelas proposições, destacando o papel do vereador no atendimento de necessidades importantes da população. “A comunidade espera esse tipo de posicionamento por parte de nós edis, até porque muitas vezes recebemos respostas que não contemplam aquilo que nós estamos arguindo”, afirmou.
PÂNICO
A médica Isis Neli Borges Pintado falou com o JMais em novembro passado. Ela descreveu um quadro de pânico, desenvolvido depois que foi agredida dentro de seu consultório no prédio do INSS e nas ruas, onde costumava praticar corridas noturnas. A gota d’água, segundo ela, foi quando houve uma manifestação em frente ao prédio da Previdência pedindo sua saída. “Os que tinham o benefício negado não aceitavam e partiam para a agressão. Fui agredida várias vezes, fui ameaçada”, conta.
Ela reclamou, ainda, da segurança do prédio. “Os vigias estão ali para defender o patrimônio, não a mim. Se alguém quiser te matar ali, te mata”. Isis disse que gosta muito de Canoinhas e que não pretende pedir remoção. “Tenho um déficit visual muito grande e não tenho condições de dirigir em cidades grandes”, explica justificando a escolha de viver em uma cidade do porte de Canoinhas.
A médica conta que registrou vários boletins de ocorrência por agressões verbais e físicas por parte de segurados que tiveram o benefício negado. “Tenho de usar medicação psiquiátrica para controlar minha ansiedade e meu medo de ser agredida na rua, no mercado ou dentro do INSS”, relata. Ela afirma que não se sente em condições de voltar ao trabalho. Reclama do fato de ser a única perita, considerando que antes três médicos trabalhavam no setor. “Atividades nas quais não se precise lidar com o público faço normalmente, sem problemas”, garante. Em dezembro, Isis deve passar por nova perícia que vai determinar se ela pode ou não voltar a sua função original. Hoje, no entanto, ela afirma não se sentir apta para atender ao público. “Tenho medo”, diz.