Mesmo assim, em menos de três meses dois caminhões com cargas que desrespeitam os limites enroscaram em fios de energia elétrica e telefonia no centro da cidade
A lei e antiga, vem de 2003, mas de fato, só agora, com a presença de quatro agentes de trânsito que circulam pelo centro desde o ano passado é que ela começa ser respeitada, segundo o responsável pelo Departamento de Trânsito de Canoinhas (Detracan), Lourival Shiptoski. Trata-se da lei que limita o peso e altura de caminhões que circulam pelo centro da cidade.
Apesar de Shiptoski afirmar que a fiscalização dos agentes tem surtido efeito, mas não precisar os dados, dois caminhões enroscaram em fios de energia elétrica e telefonia só neste começo de ano no centro de Canoinhas.
O primeiro caso aconteceu em janeiro. Um caminhão cegonha carregado com 10 carros enroscou no fio da rede de telefonia na principal esquina da cidade, entre as ruas Francisco de Paula Pereira e Getúlio Vargas.
Nesta quarta-feira, 15, outro caso semelhante: um caminhão carregando uma colheitadeira enroscou-se nos fios de luz e telefonia no cruzamento da Francisco de Paula Pereira com a Barão do Rio Branco. O resultado foi um poste quebrado, fios rompidos e boa parte do centro sem luz por cerca de meia hora.

Esse segundo caso é bem ilustrativo do descaso dos motoristas de caminhão. O motorista vinha de São Mateus do Sul para entregar a colheitadeira em uma revenda que fica na BR-280. Para chegar no centro passou por quatro placas que indicavam a proibição de circulação de caminhões com mais de 23 toneladas e/ou metros de altura no centro. Além disso, ao passar por Três Barras, o motorista tinha a chance de entrar na rodovia Transfalcônica e, em poucos minutos, cair na BR-280. Nesse trajeto economizaria, pelo menos, uns 20 minutos que levaria para atravessar o centro não fosse o acidente que lhe causou transtornos muito piores. “Instalamos uma placa na rotatória que dá acesso a WestRock informando a proibição, mas alguns motoristas insistem em ignorar”, lamenta Chiptoski, que como coordenador do Detracan conversou com dirigentes de várias empresas de Três Barras e Canoinhas sobre a importância de se respeitar a lei. Segundo ele as conversas deram resultado, “mas sempre vai ter alguém descumprindo”.
Outra ação que, segundo Chitposki, tem dado bons resultados, é a abordagem de caminhões suspeitos de desrespeitarem a lei. Os agentes de trânsito conferem a nota fiscal da carga e o documento do veículo para ver se não há excesso dentro da lei municipal. Se houver, o motorista é notificado e a placa do veículo anotada. Da segunda vez que o motorista for flagrado transitando no centro da cidade, a multa é imediata. “Geralmente quando abordados, eles (os motoristas) pedem desculpas, dizem que não sabiam, que vão prestar mais atenção”, conta Chitpski.

LETRAS MIÚDAS
As placas instaladas no centro de Canoinhas indicam o limite de altura e peso, mas as letras são quase ilegíveis de tão pequenas. “Realmente acho que é preciso aumentar (a fonte)”, admite Chiptoski.
O coordenador lembra que mesmo que o motorista com excesso de peso e altura entre no centro, ainda há um corredor formado pelas ruas Coronel Albuquerque, Marechal Floriano e Duque de Caxias que permite a circulação.
PROIBIÇÃO EXISTE DESDE 2003
A proibição de veículos pesados no centro de Canoinhas vem desde 2003, quando o então prefeito Orlando Krautler (DEM) sancionou Lei nos mesmos moldes da criada em 2010 pelo então prefeto Leoberto Weinert. A lei de Krautler, no entanto, era mais abrangente e visava desviar, especificamente, o trânsito de caminhões que saem do Bairro Industrial nº 1, onde estavam as maiores empresas da cidade. Houve uma enxurrada de reclamações e Krautler resolveu criar um anel viário ligando o Bairro Industrial à SC-280. A pavimentação da rua Adão Tiszcka foi o início do projeto concluído por Weinert com a pavimentação da rua Saulo de Carvalho. O anel, no entanto, não resolveu o problema, pelo menos para os motoristas. “O anel viário é ruim porque o asfalto (da Saulo de Carvalho) ficou muito alto (íngreme), difícil de subir com carga pesada”, afirmou o motorista Elzo Henrique em reportagem publicada pelo jornal Correio do Norte em 2011. Ele disse ainda que o anel aumentava a distância da BR-280 em pelo menos seis quilômetros. Outro ponto elencado pelo motorista foi a lombada da Adão Tiszcka, construída num dos pontos mais altos da rua. “Se você para um caminhão pesado, não tem como pegar embalo depois da lombada”, explicou.
CRONOLOGIA
A longa saga para se controlar o trânsito de veículos pesados no centro de Canoinhas tem mais de 10 anos
2000
Então prefeito Orlando Krautler inicia tratativas para asfaltar a rua Adão Tiscka, com o objetivo de desviar o trânsito de caminhões das empresas do bairro Industrial 1 com destino à BR-280.
2005
Então prefeito Leoberto Weinert conclui o chamado anel viário e placas são instaladas no início da Saulo de Carvalho e na Almeida Cardoso advertindo os motoristas sobre o desvio obrigatório. As placas são sumariamente desrespeitadas.
2008
Weinert anuncia multa para quem não respeitar o limite de trânsito pesado pelo centro (12 toneladas). Lei municipal estabelece as multas.
2009
A lei que estabelecia multas é aprovada e regulamentada em 2010. Mesmo assim, segue sendo desrespeitada.
2015
Anunciada a contratação de quatro agentes de trânsito, que têm entre suas atividades, a prerrogativa de multar caminhoneiros desobedientes da lei.
O QUE DIZ A LEI
Os veículos de até dez toneladas são permitidos em qualquer momento do dia, já os veículos de até 23 toneladas somente podem transitar entre 18h e 8h30 e aos sábados após as 12h30. Veículos superiores a 23 toneladas não poderão circular, a não ser com autorização do Departamento Municipal de Trânsito (Detracan). Essa medida não atinge veículos oficiais dos serviços públicos federal, estadual e municipal, veículos do exército, da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, ambulâncias, veículos de empresas públicas, concessionárias, permissionárias ou autorizadas para a prestação de serviços urbanos de caráter público e transporte coletivo.