2014 não foi um ano excepcional nos cinemas, mas alguma coisa se salva. Abaixo listo o que, na minha opinião, foi o que de melhor passou pelos cinemas no ano passado para você que não vai viajar, curtir neste Carnaval. A maioria dos filmes pode ser encontrada nas locadoras:
1. BOYHOOD
Não me recordo da última vez (se é que teve) em que me senti tão próximo dos personagens. O fato de ter sido filmado em 12 anos, acompanhando a maturidade dos personagens sem alternar atores, dá um sentido único ao filme. Mais que isso, é uma lição do quanto escolhas nos definem.
2. O LOBO DE WALL STREET
A melhor definição do exagero que já vi no cinema. Martin Scorsese acerta ao ousar, usando o over para tentar definir o limite. Mas existe limite para quem pode tudo? O complexo personagem de Leonardo diCaprio (brilhante!) mostra de uma forma alucinante que quando se pode tudo, a graça mesmo está em testar os próprios limites.
3. PRAIA DO FUTURO
Opção sexual define destino? Não, esse não é um filme GLS, mas sim, sobre escolhas e como elas mudam nossos rumos. Wagner Moura e Jesuíta Barbosa dão show como os irmãos que lutam contra o destino para ficar juntos. Amor entre irmãos, amor entre iguais. Simplesmente amor.
4. O GRANDE HOTEL BUDAPESTE
Wes Anderson filma com uma simetria que beira o irritante essa graciosa fábula envolvendo uma herança, um hotel e uma incrível perseguição. A comédia encantou tanto que se tornou recordista de indicações ao Oscar e ao Bafta deste ano. Pena que comédias não costumem ter sorte em premiações. Em um ano fraco, no entanto…
5. GUARDIÕES DA GALÁXIA
O cinema anda cada vez menos surpreendente e tem nos super-heróis um filão inesgotável de repetições que, via de regra, tem dado certo. Eis que no meio de tanta obviedade surge um filme de herói não exatamente original, porém, menos óbvio. Diversão sem compromisso, Guardiões da Galáxia tem um time de heróis desajustados e uma trilha sonora apaixonante. Estou atrás de uma cópia da fita cassete de Peter Quill (Chris Pratt).
6. INSIDE LLEWIN DAVIS: BALADA DE UM HOMEM COMUM
Não curto muito os filmes dos irmãos Ethan e Joel Coen, mas me rendi a singeleza e beleza deste que ao usar o cenário folk americano como pano de fundo travestido em uma fotografia terna e singular, emociona. O filme fala essencialmente do amor de um homem pela música. Na esperança de viver de seu talento, roda um EUA melancólico e surpreendente.
7. ELA
Desconfio que este filme tenha vida tão longa quanto 2001 de Stanley Kubrick e pelo mesmo motivo. Traça um cenário futuro cada vez mais presente. A nova face do amor está no virtual. Com um amplo cardápio de possibilidades, o mundo virtual engole o real, levando homens como Theodore a uma relação com a tecnologia que se sobrepõe a realidade. Mas o que é real mesmo?
8. O HOMEM DUPLICADO
Poucos colocaram este filme na lista dos melhores do ano. Talvez por não entenderem a mensagem que vem do livro de José Saramago. A obra dialoga com Ela ao expor a angústia de um professor que leva uma vida medíocre, impactada pela descoberta de um clone. Seria mesmo um clone? O prazer está em descobrir a resposta.
9. O PASSADO
Pra você o filme tem de ter consistência, coerência e um roteiro acima da média? Procure pelo diretor Asghar Farhadi e você terá tudo isso e muito mais. O Passado é mais um de seus filmes que parte de situações aparentemente banais para contar grandes histórias.
10. NINFOMANÍACA
Existe limite para o desejo? Qual seria esse limite? Por que é preciso optar entre a luxúria e a família, entre filhos e amantes? Questões polêmicas que o diretor Lars Von Trier destrincha com competência nesse filme que explora os desejos de maneira corajosa.