Professora diz que desenvolveu pânico por causa de perita do INSS Canoinhas

Mesmo sofrendo de fibromialgia, Tathiane Karine Hesse Gonçalves teve o benefício negado diversas vezes pela dra Isis Neli Borges Pintado. Humilhação, segundo ela, a levou a desenvolver ansiedade e pânico

 

 

O cancelamento do show da pop star Lady Gaga no Rock in Rio 2017 não só pegou todo mundo de surpresa como chamou a atenção para uma doença devastadora. A fibromialgia, uma síndrome que leva a pessoa a sentir dores por todo o corpo durante longos períodos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos moles, é muito bem retratada no documentário que mostra os bastidores dos shows da cantora, disponível na Netflix. No auge das dores, Gaga chora enquanto é massageada por uma profissional que a acompanha em todos os shows. No caso do cancelamento do Rock in Rio, a dor insuportável a fez perder as forças.

 

 

Com o mesmo diagnóstico, a professora Tathiane Karine Hesse Gonçalves procurou o INSS de Canoinhas em 2014. As fortes dores provocadas pela doença a levaram a se afastar do trabalho. A primeira consulta foi com a dra Isis Neli Borges Pintado, que concedeu o benefício por 60 dias. Com poucos avanços no tratamento com um neurologista, Tathiane voltou a requerer o benefício para que o trabalho não a impedisse de seguir no tratamento. Teve o benefício negado sumariamente. Ao voltar ao seu neurologista, ele disse que não daria atestado para ela voltar ao trabalho, porque isso comprometeria o tratamento. Sem o benefício do INSS e sem poder trabalhar, Tathiane se afundou em dívidas.

 

 

Exames médicos atestam problemas da professora

Nesse meio tempo perdeu as contas de quantas vezes voltou ao INSS para tentar o benefício. A cada vez diz ter sido tratada de modo cada vez mais ríspido pela médica, que falava que a crise do País a impedia de conceder o benefício. “Ela dizia: ‘você é uma desinformada, não vê a crise pela qual o País está passando. O Brasil está quebrado'”, conta. Ainda de acordo com Tathiane, Isis não olhava na sua cara e manipulava o celular enquanto a ouvia. “Eu me sentia coagida e humilhada. Para ela (a médica), eu não tinha doença nenhuma. Ela nem via o exame que comprovava a doença. Da última vez foi bem agressiva comigo, dizendo que não iria conceder o benefício de forma alguma”, afirma.

 

 

Mesmo sem condições, Tathiane retomou o trabalho. Hoje ela diz que se identifica com o quadro relatado pela médica em entrevista ao JMais. “Com tudo isso desenvolvi síndrome do pânico, ansiedade. Por causa disso consulto frequentemente com um psicólogo. Para mim desenvolvi isso pela maneira como ela me tratou. Isso mexeu muito com o meu psicológico”.

 

Hoje Tathiane trabalho sob efeito de remédios fortíssimos tanto para diminuir as dores como para controlar o pânico e a ansiedade.

 

 

CONTRAPONTO

O JMais voltou a conversar por telefone com a dra Isis. Ela disse que não falaria mais nada e que qualquer dúvida deveria ser esclarecida com a Previdência.

 

Nesta sexta-feira, 24, o JMais encaminhou questionamentos à assessoria de imprensa do INSS em Florianópolis, mas até o fechamento desta reportagem não havia obtido as respostas.

 

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