Os quatro já estavam presos e não ganharam o direito de recorrer em liberdade
O Tribunal do Júri da comarca de Canoinhas condenou na terça-feira, 10, quatro acusados de tentarem matar Anderson Luis Kreiling em 16 de julho de 2018. O crime aconteceu no distrito tresbarrense do São Cristóvão, onde, segundo o Ministério Público (MP), os quatro integravam o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facção acusada de dominar o tráfico de drogas na região a partir do São Cristóvão.
Segundo o MP, Ivan Prestes Ribeiro, na companhia de um homem até agora identificado somente por “Apocalipse”, sob as ordens e orientação dos denunciados Alan Jones Alves Cavalheiro e Paulo Guilherme da Silva Alves, tentaram matar Kreiling por meio de vários disparos de arma de fogo efetuados em sua direção, atingindo-lhe o rosto de raspão, o cotovelo esquerdo e a perna direita. Apesar dos ferimentos, Kreiling foi internado no Hospital São Vicente de Mafra, onde passou por tratamento que garantiu sua sobrevivência.
“Os denunciados não atingiram o resultado morte pretendido por circunstâncias alheias às suas vontades, visto que após desferirem diversos tiros contra a vítima, acreditando terem ceifado a vida de Anderson, empreenderam fuga do local, possibilitando que o ofendido fosse socorrido de pronto e encaminhado ao Hospital de Mafra, onde foi submetido a tratamento médico que evitou sua morte”, anotou o MP na denúncia.
O tribunal do Júri condenou, também, a irmã da vítima, Ana Caroline Spitzner, acusada de usar a condição de irmã de Kreiling para relatar sua rotina aos acusados da tentativa de homicídio. Ela teria avisado aos executores que a vítima estaria em sua casa, com informações detalhadas do cômodo em que ele se encontrava. “Importante salientar que todos os denunciados exercem funções no Primeiro Grupo Catarinense (PGC), organização criminosa estruturalmente ordenada, armada e caracterizada pela divisão, ainda que informal, de tarefas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens mediante a prática de diversas infrações penais, tais como homicídio, tráfico de drogas, associação para o tráfico, atuante na região norte do Estado de Santa Catarina”, frisa o MP na denúncia.
FUNÇÕES
Segundo o MP, Alan Jones, mais conhecido como “Tio Patinhas” ou “Peixinho”, exercia a função de “disciplina geral” e “senhor das armas” do PGC, enquanto o denunciado Paulo Guilherme, mais conhecido como “Meia Noite” seria o “sintonia” do grupo, responsável por transmitir os “salves” e as “ordens” para os demais integrantes. Ivan, chamado de “157” (artigo do Código Penal que trata de roubos), e “Apocalipse” exerceriam as funções de “abatedores”, isto é, executores das ordens passadas pelos líderes da organização, tanto de venda de drogas quanto de assassinato de inimigos, enquanto Ana Caroline seria responsável por chefiar um dos pontos de tráfico do PGC em sua própria casa, local em que a vítima foi alvejada.
O MP reforçou que a vítima foi atacada enquanto dormia, o que dificultou sua defesa e que o motivo do crime teria sido uma dívida que Kreiling tinha com o PGC por compra de drogas.
SENTENÇA
Ivan foi condenado a 12 anos e cinco meses e Alan Jones a 10 anos e oito meses de reclusão em regime inicialmente fechado. Já Ana Caroline e Paulo Guilherme a oito anos, ambos no regime semiaberto.
Alan Jones e Ana Caroline permanecem presos desde setembro de 2018. Ivan esteve preso de setembro a novembro de 2018 e foi novamente preso em 26 de setembro de 2018 e assim permanece até o momento. Já Paulo Guilherme, também recluso de setembro a novembro de 2018, foi recapturado em 11 de março de 2019 e permanece segregado.
A nenhum deles foi concedido o direito de recorrer em liberdade.