Cerca de 15,5 milhões de litros de água do rio são consumidos diariamente nas duas cidades
Lucas Polak*
Os dias sem chuva na região estão deixando os moradores preocupados. Em União da Vitória e Porto União, o rio que abastece as cidades é o Iguaçu. Cerca de 15,5 milhões de litros de água são consumidos diariamente. Segundo o gerente regional da Sanepar, Bolivar Menonci, no momento não há preocupação em relação a possibilidade de desabastecimento as duas cidades. “Por enquanto está tudo sob controle, não há nenhum problema em relação a escassez”.
A artesã Cleusa do Carmo e o pescador Sebastião Fagundes moram ao lado do rio Iguaçu. Os dois já presenciaram as várias enchentes da região, mas o cenário da seca é o que deixa eles preocupados. “Você olha e é uma paisagem muito triste porque sente o rio morto, sempre foi um ponto turístico e olhando agora não há outra coisa a se sentir senão tristeza”, comenta Cleusa. Já Fagundes, de 84 anos, todos os dias costumava pescar, hoje a realidade é outra. “Não tenho nem prazer de pescar mais, eu olho para o rio e ele está muito afetado, está terrível.”
Com o baixo nível, os lixos começam a aparecer com mais frequência. E o rio Iguaçu só não está mais sujo porque Fagundes levanta cedinho e diariamente vai juntando a sujeira jogada pela população. “Todo dia, não falho um, junto o lixo, coloco nas sacolas e depois na lixeira”, conta. Essa ação é realizada sempre porque no dia seguinte ele se depara com a mesma situação.
MEDIÇÃO
A medição do nível do rio começou a ser realizada em 1930. O maior registro de nível em União da Vitória (conhecida como a capital das enchentes) foi em 1983. A água alcançou 10,42 metros. Em 2006, a seca extrema predominou a região, e a margem ficou em 1,32 metro, considerada até hoje o nível mais baixo. O fluxo normal das correntezas é de 2,73 metros. Nesta quinta feira, 16, o monitoramento hidrológico registrou 1,48 metro, apenas 16 cm acima do nível mais baixo da história. Comparando com a enchente de 1983, é como se um prédio de três andares tivesse sido reduzido a altura de uma criança com apenas oito anos.
Um banho demorado, ou carros e calçadas sendo lavadas diariamente podem ser evitados. “Chegou a hora de o povo se conscientizar, e economizar a água, se não iremos ficar sem”, afirma Cleusa.
Menonci diz que as pessoas devem ter o total controle do uso da água. “Não desperdiçando, procurando reutilizar, sempre com cuidado para que não haja desperdiço”.
Segundo dados do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), não há previsão de chuvas para os próximos dias.
*Lucas Polak é estagiário do blog Em Foca, estudante de Jornalismo da Uniuv