Sábado, 16 de maio de 2020
O Globo
Manchete: Em plena pandemia, país perde 2º ministro da Saúde em 30 dias
- Desautorizado diversas vezes por Bolsonaro, Teich decide sair
- General Pazuello será o interino e vai liberar cloroquina
- Deputado, médica, general e almirante estão no páreo ao cargo
O oncologista Nelson Teich demitiu-se do cargo de ministro da Saúde depois da pressão pública do presidente Bolsonaro pela liberação do uso da cloroquina em pacientes infectados pela Covid-19 desde o início da doença. Em 30 dias, é o segundo ministro da pasta a deixar o cargo, e em plena fase aguda da pandemia. Na gestão de Teich, o país acumulou recordes de contágio e mortes pela doença. Em pronunciamento, ele não revelou a razão de sua saída: “A vida é feita de escolhas, e hoje eu escolhi sair”, disse. Ele também divergia de Bolsonaro em relação ao isolamento social para conter a expansão do vírus e não foi consultado quando o presidente incluiu salões de beleza e academias de ginástica entre as atividades essenciais. O general Eduardo Pazuello, secretárioexecutivo do ministério, ficará como interino e deve avalizar o novo protocolo da cloroquina, exigência de Bolsonaro mesmo contra todos os estudos, no Brasil e no exterior. Além de Pazuello, outros nomes cotados para a pasta são o ex-ministro Osmar Terra, a médica Nise Yamaguchi e um almirante. PÁGINAS 6, 8 E 10
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Folha de S. Paulo
Manchete: Bolsonaro empurra 2.º ministro da Saúde para demissão em um mês
Após fritura e ultimato por cloroquina, Nelson Teich anuncia saída e surpreende presidente; país tem quase 15 mil mortes
A dois dias de completar um mês no cargo de ministro, Nelson Teich pediu demissão ontem do comando da Saúde em plena pandemia. O médico oncologista não explicou o motivo da saída.
A decisão foi anunciada pela manhã em nota divulgada pela pasta. Ao fim do dia, o país somava 14.817 mortes em decorrência da covid-19 – das quais 824 nas últimas 24h – 2 218.223 infectados.
Sob fritura, Teich abandonou o governo após ultimato para ampliar o uso de cloroquina em pacientes com quadros leves da doença. O presidente Jair Bolsonaro foi surpreendido pela notícia.
A divergência sobre o protocolo do medicamento foi considerada a gota d’água para a queda do ministro, que tomou posse em 17 de abril após a demissão de Luiz Henrique Mandetta.
O antecessor travou longo embate com Bolsonaro quanto às políticas de combate ao vírus, entre elas o uso da cloroquina, obsessão do presidente seguidamente desqualificada pela ciência.
O secretário-executivo, general Eduardo Pazuello, assume interinamente. “A vida é feita de escolhas, e hoje escolhi sair. De o melhor de mim”, disse Teich, em curto discurso à tarde. SAÚDE B1
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O Estado de S. Paulo
Manchete: DESGOVERNADO
Em menos de um mês, caem dois ministros da Saúde
- Divergência sobre uso da cloroquina contra covid-19 causou saída de Nelson Teich.
- Bolsonaro orienta general que assumiu como interino a ampliar uso do medicamento.
- Número de mortes avançou 666% entre troca de ministros
Nelson Teich pediu demissão do Ministério da Saúde, 29 dias após ter assumido o cargo e em meio a divergências com Jair Bolsonaro. A saída do médico foi motivada pela decisão do presidente de ampliar o uso da cloroquina no combate à covid-19, embora o remédio não tenha eficácia comprovada contra a doença. Pressionado a ampliar a prescrição do medicamento, Teich disse a Bolsonaro, na quinta-feira, que era preciso aguardar a conclusão de estudos científicos. Na mesma noite, o presidente disse que mudaria protocolo. “Quem manda sou eu”, afirmou a auxiliares. “Não vou ser um presidente pato manco.” Teich disse a amigos que chegara ao limite e tinha um nome a zelar. A troca na Saúde expõe a fragilidade de Bolsonaro. Em 500 dias de governo, ele trocou nove ministros, enfrenta crise nas áreas política e econômica e tem a popularidade em queda. O presidente deve fazer pronunciamento na noite de hoje para defender o retorno do País ao trabalho. O general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, deverá assinar a liberação do uso da cloroquina. Entre quinta-feira e ontem, foram confirmados 15.305 novos casos da doença e 824 óbitos no País, elevando o total de mortos para 14.817. Entre a saída de Luiz Mandetta e os 29 dias da gestão Teich, o número de mortos cresceu 666% (12.884 pessoas). POLÍTICA / PÁGS. A4, A8, A10 e A11 e METRÓPOLE / PÁG. A16.
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