SC segue como o 2º Estado com maior número de vítimas nas estradas

Estado está abaixo somente de Minas Gerais no ranking divulgado nesta semana pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT); só no ano passado foram 381 mortos

 

Santa Catarina é o segundo Estado com mais registros de acidentes de trânsito com vítimas nas rodovias federais, atrás apenas de Minas Gerais. É o que revela a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada nesta semana. Estradas sem manutenção, falta de sinalização adequada, obras, baixo efetivo de policiais e formação inadequada são apontados como os principais causadores de acidentes nas estradas federais que cortam o Estado.

 

Segundo o levantamento, no País, os maiores índices de óbitos nas BRs em 2017 ocorreram em trechos com problemas na sinalização (que receberam classificação regular, ruim e péssimo). Foram 11,4 mortes a cada 100 acidentes. O número chega a ser 9,6% maior do que nos trechos com avaliação positiva (ótimo ou bom), que tiveram 10,4 mortes por 100 acidentes.

 

Em relação à ocorrência de acidentes, os trechos rodoviários com sinalização ruim ou péssima também lideraram as estatísticas: o índice chega a 13 mortes a cada 100 acidentes em cada uma das situações. O menor registro ocorre em trechos com sinalização ótima, sendo 8,5 mortes por 100 acidentes, 34,6% menor do que em trechos considerados ruins ou péssimos.

 

No total, foram 7.017 acidentes com vítimas nas rodovias federais de SC em 2017 e mais de 79 mil casos na última década. O levantamento, que contabiliza dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e também do Ministério da Saúde, aponta ainda que 381 pessoas morreram nas estradas que cortam o Estado no ano passado – os trechos da União no Estado é o quinto mais letal do país e perde para Minas Gerais (869), Paraná (613), Bahia (594) e Rio Grande do Sul (391). No Brasil, foram 1.6 milhão (média de 411,3 acidentes por dia) e 83.481 mortes (média de 20,8 mortes por dia) no período de 2007 a 2017, revela a CNT.

 

REGIÃO

Trinta pessoas perderam a vida em rodovias e ruas que cortam a região de Canoinhas em 2017. O número é levemente menor que o registrado em 2016, quando 33 pessoas morreram nas mesmas estradas.

 

 

O levantamento engloba as rodovias BR-280 (que liga Canoinhas a Mafra – até fevereiro de 2014 separada como SC no trecho de Canoinhas a Porto União e BR no trecho de Canoinhas a Mafra), SC-303 (que liga Canoinhas a Três Barras), SC-477 (que liga Canoinhas a Papanduva/Monte Castelo), SC-160 (que liga Irineópolis à BR-280) e BR-116 (trecho que liga Monte Castelo a Mafra), além do perímetro urbano das cidades da região.

 

 

Acompanhando o levantamento que o JMais faz desde 2013, o número de mortos nestas estradas bateu recorde naquele ano. Foi de 38 mortos em 2013 para 29 mortos em 2014 e para 22 mortos em 2015, subindo para 33 em 2016.

 

 

A novidade de 2017 é a liderança no número de mortos recair sobre a BR-280. Historicamente o trecho regional da BR-116 lidera esta estatística. A escalada de mortes na rodovia é preocupante: em 2015 foram registradas sete mortes entre Porto União e Mafra, três a menos que em 2014. Esse número subiu para 13 em 2016, mesmo número registrado em 2017. Ainda assim, o número é menor que o registrado quando o trecho entre Canoinhas e Porto União estava sob jurisdição do Estado de Santa Catarina. Em 2013, quando o trecho Canoinhas a Porto União pertencia ao Estado e estava totalmente debilitado, foram 16 mortes registradas entre Porto União e Mafra.

 

 

A melhoria considerável provocada pela federalização do trecho entre Canoinhas e Porto União reduziu o número de mortos, mas não evitou o maior acidente em número de mortos da história da 280 desde a inauguração do trecho em 1986. Cinco pessoas, identificadas como sendo da mesma família, morreram em trecho próximo da divisa entre Canoinhas e Irineópolis. O acidente ocorreu por volta das 23h30 de 24 de abril de 2016 em território canoinhense.

 

 

 

OS NÚMEROS

2016 2017
BR 116* 14 10
BR 280** 13 13
Canoinhas (perímetro urbano) 2 4
Papanduva (perímetro urbano) 1 0
Major Vieira (perímetro urbano) 1  0
Monte Castelo (perímetro urbano) 0 1
Porto União (perímetro urbano) 0 1
SC-477 1 1
PR 151 1 0
SC 303 0 0
SC 160 0 0
TOTAL 33 30
* entre Monte Castelo e Mafra    
** entre Porto União e Mafra

 

PISTAS SIMPLES

Mais da metade (54%) dos acidentes com vítimas nas rodovias federais, no ano passado, ocorreu em pistas simples de mão dupla. Esses episódios corresponderam a 71,4% das mortes registradas nas rodovias em 2017, segundo o estudo “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”, da CNT. O trabalho relaciona as características da infraestrutura viária apresentadas na Pesquisa CNT de Rodovias 2017 (estado geral, sinalização, pavimento e geometria da via) com a base de dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), considerando todos os acidentes com vítimas registrados em BRs no ano passado.

 

 

Nas vias de pista simples de mão dupla, o índice de mortes a cada 100 acidentes foi de 14,3 (duas vezes maior do que trechos de pista dupla com canteiro central). O levantamento demonstra que a gravidade das ocorrências nesse tipo de rodovia é maior do que quando a pista é dupla. Três situações são analisadas pela CNT: nos casos em que há canteiro central para separar os fluxos opostos de veículos, o índice é de 7,1 mortes/100 acidentes; quando há barreira, o índice é 5,7 mortes/100 acidentes; e se há faixa central que divide os sentidos, são 9,5 mortes/100 acidentes.

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“Percebemos que a duplicação de rodovias e a implantação de dispositivos como canteiro central, barreira e faixa central são medidas extremante necessárias para a redução do número de mortes nas rodovias brasileiras. Somente por meio do investimento em infraestrutura, conseguiremos minimizar essas ocorrências”, ressalta o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.

 

 

O tipo de pista, que é uma das características da geometria da via, é apenas um dos fatores que influenciam na ocorrência de acidentes e de mortes nas rodovias brasileiras. Outro grande problema é a falta de dispositivos de proteção contínua para contenção de veículos que colidem ao longo da via, as chamadas defensas ou guard-rails. Em 48,3% da extensão rodoviária avaliada, onde ocorreram acidentes com vítimas em 2017, identificou-se a necessidade de instalação desses dispositivos.

 

 

Outro dado que chama a atenção é que as vias onde os guard-rails são necessários, mas não foram instalados concentram 29,6% dos acidentes com vítimas e 40,7% dos óbitos. Além disso, o índice de mortes (14,6 óbitos por 100 acidentes) foi 97,3% maior do que nos trechos onde as defensas estavam presentes (7,4 óbitos por 100 acidentes).

 

O estudo mostra, ainda, que a maioria dos acidentes e das mortes, em acidentes com colisão frontal, nas rodovias federais ocorreram em trechos ondulados ou montanhosos que não possuíam faixa adicional ao longo de sua extensão. A gravidade também foi maior nos locais sem a faixa adicional de subida (47,5 mortes a cada 100 acidentes).

 

 

GEOMETRIA DA VIA

O trabalho da Confederação revela que os acidentes ocorridos em trechos onde a geometria da via apresenta problemas (classificação regular, ruim ou péssimo) tiveram um índice de severidade de 11,4 mortos por 100 acidentes (15,6% maior), enquanto que, nos trechos avaliados positivamente (ótimo ou bom), esse índice foi menor, 9,9.

 

Além disso, embora os índices de acidentes por 10 km de extensão tenham sido maiores onde a geometria da via foi considerada ótima, a severidade (7,0 óbitos por 100 acidentes) foi 47,4% menor do que nos trechos de geometria da via péssima, onde a severidade foi de 13,3 óbitos por 100 acidentes.

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