Não existe saída positiva para prefeitos e governadores
O RISCO
O jornal O Globo desta segunda alerta para o avanço do coronavírus pelo interior do país. Mostra que o Sul, por exemplo, tem o maior número de casos confirmados (529) e a maior proliferação do vírus pelo interior. Sete em cada dez cidades do Sul e do Sudeste que registram casos de covid-19 estão no interior. Isso mostra que a despeito de as pessoas acharem alarde noticiar casos suspeitos, há motivos para se preocupar.
O fato de ainda não estarmos vendo os efeitos da pandemia não significa que ficaremos de fora dessa. Se ficarmos, temos muitos motivos para comemorar. Seremos realmente um milagre. Nessa hipótese, os militantes de Facebook vão carregar todas as baterias contra os governos. Beto Passos (PSD), que liderou um levante regional para colocar em prática uma série de medidas que foram da desinfecção das ruas até a ampliação das vagas de UTI no Hospital Santa Cruz, será o alvo preferido, com requintes de crueldade por ser este um ano eleitoral. Desconsiderarão, certamente, que as três semanas de isolamento social que estamos prestes a completar contribui para reduzir os impactos do vírus. Quanto? Só saberemos quando esse pesadelo passar. Mas para quem vive de distorção e caos isso pouco importa. Fatos, claro, são irrelevantes.
Caso o pior aconteça e tenhamos o tão temido colapso do sistema de saúde, as mesmas baterias se armarão contra os mesmos alvos: faltou estrutura e empenho dos governantes no sentido de prever e preparar a rede pública para o caos. Aquele que saiu na rua se escorando aqui e ali e se contaminou, claro, será o inocente da história.
Chegou um momento de teste máximo a capacidade administrativa de prefeitos e governadores. A história os julgará num futuro mais distante, mas de momento só lhes restarão críticas e ataques em qualquer das hipóteses. Nunca o povo que pregou a revolta contra o isolamento social assumirá sua parcela de culpa se a pandemia avançar impiedosamente pela região, assim como jamais admitirão sucesso dos governos se passarmos por todo esse pesadelo com poucas perdas.
Soa portanto insano afirmar que este ou aquele político está fazendo campanha eleitoral com a crise. Se acha que está, está mais fora de órbita que os pregadores de Facebook. Creio que os únicos a ganhar com essa crise, sem críticas, são quem fabrica álcool gel e máscaras.
MICROCOSMO
O filme O Poço, disponível na Netflix, mostra um interessante microcosmo da vida. Com infinitos níveis, pessoas disputam a comida que desce de uma entidade não identificada. Quando uma prisioneira tenta convencer os colegas do nível de baixo que comam apenas o essencial, a fim de garantir comida para os níveis inferiores, ouve uma sucessão de desaforos. Quando o colega da boa samaritana fala grosso e diz que vai defecar na comida deles se eles não respeitarem o que diz sua companheira, eles obedecem piamente.
O alarde, como a ficção mostra, pode ser muito mais eficaz que fantasiar a realidade para não melindrar ninguém. Em tempos de guerra, como o que vivemos contra esse inimigo invisível, pode ser a única opção.
76%
dos ouvidos por pesquisa Datafolha acham que as pessoas devem ficar em casa
PRAZO
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou a manutenção os prazos de filiação partidária, domicílio eleitoral e desincompatibilização para as eleições 2020, que terminou no sábado, 4. Ao negar liminar solicitada pelo partido Progressistas (PP) na sexta, 3, Rosa destacou que prazos como o de desincompatibilização – afastamento obrigatório do servidor público para que possa concorrer ao pleito – ‘não são meras formalidades, pois visam assegurar a prevalência da isonomia na disputa eleitoral, e sua inobservância poderia afetar a legitimidade do pleito’.
ADIAMENTO
O Supremo tem discutido a possibilidade de adiar as eleições municipais de 4 de outubro para dezembro. Unificar eleições em 2022 está fora do radar dos ministros por enquanto.
MAIS GASTOS
A queda de braço travada pelo presidente Jair Bolsonaro com governadores e prefeitos pela prerrogativa de definir as medidas necessárias para combater o novo coronavírus não encontra equilíbrio nas contas da saúde pública. A fatia assumida pelo governo federal no financiamento de ações do Sistema Único de Saúde (SUS) caiu de 2002 pra cá. No início da série histórica, a União arcava com 52% das contas, hoje paga 43%.
PREGÃO
A partir desta segunda-feira, 6, os municípios brasileiros com mais de 15 mil habitantes terão de usar o pregão eletrônico para comprar bens e serviços com recursos de convênios com a União e demais transferências voluntárias. A nova regra vale para a aquisição de mercadorias e de serviços usadas no dia a dia. Apenas as obras estão fora dessa modalidade de contratação.
Em fevereiro, o pregão eletrônico tornou-se obrigatório nos municípios de mais de 50 mil habitantes. Em 1º de junho, será a vez de as cidades restantes, de até 15 mil moradores, adotarem o sistema. O cronograma foi estabelecido pela Instrução Normativa 206, editada em outubro do ano passado, pelo Ministério da Economia. Desde outubro, a obrigação vale para os estados e o Distrito Federal.
SETORES
O jornal O Estado de S.Paulo deste domingo mostrou um panorama do impacto da crise provocada pelo coronavírus na economia brasileira, classificando do menos ao mais impactado. Confira: