Disputa deste domingo, 28, é uma das mais surpreendentes das últimas décadas
ROMPIMENTO?
Quem é Comandante Moisés? Eis uma pergunta que muita gente que, inclusive, votou nele, se fez logo depois de ele emergir das sombras de Mauro Mariani (MDB), Gelson Merisio (PSD) e Décio Lima (PT) no domingo do primeiro turno. O voto de protesto contra a política tradicional deu certo.
Muitos que votaram em Moisés, levando-o ao segundo turno, votaram no 17 a pedido da militância de Jair Bolsonaro (PSL). Votaram em um número, não em um candidato, como disse o senador eleito Esperidião Amin (PP). O número ganhou um significado avassalador com a onda bolsonarista que varreu urnas país afora.
Às vésperas do segundo turno, Moisés surpreende mais uma vez e lidera com 16 pontos de vantagem a pesquisa Ibope divulgada nesta sexta, 26. Por mais que os bolsonaristas rejeitem a comparação, é inevitável lembrar 2002, quando a onda Lula varreu ainda com mais força as urnas de todo o País, fazendo emergir figuras como Ideli Salvatti (PT), Gleisi Hoffmann (PT) e Lindeberg Farias (PT). Até um obscuro Vignatti (PT) chegou à Câmara Federal. Naquele ano, José Fritch (PT) chegou ao terceiro lugar com 834.385 votos na disputa pelo governo catarinense. Por uma diferença de 84.230 votos não tirou a vaga de Luis Henrique (PMDB) no segundo turno (LHS acabaria vencendo Amin). Em 2006, a votação de Fritch cairia para 468.302 votos. A votação de 2002 foi a maior que o PT ganhou ao governo desde então.
2002, o ano da ascensão petista, foi também o ano da ascensão da tríplice aliança formada por LHS que garantiria os três próximos mandatos para o mesmo grupo político em Santa Catarina. Liderado pelo PMDB (hoje sem o P), a aliança indestrutível teve a atual linhagem do PSD (que já foi PFL e DEM) e o PSDB como seu eixo principal. Garantiriam sem muito esforço o segundo mandato de LHS e mais dois mandatos para Raimundo Colombo (PSD).
Em 2014, quando Mauro Mariani bateu o pé para que o MDB lançasse candidatura própria, LHS o convenceu a esperar 2018 chegar. O acordo seria: agora apoiamos a reeleição de Colombo e em 2018 o PSD apoia Mariani. Em, 2015 LHS morreu. Nem chegou a esfriar no caixão e o PSD já articulava o fim da aliança criada por ele em 2002. Deu no que deu. Cada um para o seu lado, certos de que a eleição polarizaria entre Merisio e Mariani. Veio a onda Bolsonaro e acabou com a perspectiva. Merisio ainda se segura a uma árvore no meio dessa tempestade perfeita.
SE EU NÃO POSSO…
O colunista do Diário Catarinense, Anderson Silva, revelou que impossibilitado de participar do debate da NSC TV na quinta-feira, 25, Comandante Moisés (PSL) tentou barrar a entrevista com Gelson Merisio (PSD). A entrevista de 20 minutos estava prevista no regulamento em caso de falta de um dos dois, independente do motivo. Moisés representou no Tribunal Regional Eleitoral (PRE-SC) contra a entrevista. O juiz Antonio Amaral e Silva negou liminar afirmando que a decisão cabia à NSC TV. Lembrou, ainda, que a própria legislação eleitoral estabelece que em caso de falta de um dos candidatos, desde que convidado com 72 horas de antecedência, estabelece-se a entrevista.
FORA DE FUNÇÃO
A Justiça Eleitoral de Canoinhas recebeu um vídeo que mostra um policial militar fardado descendo da viatura da Polícia Militar e entrando na “Casa do Bolsonaro”, comitê instalado por simpatizantes e partidários do presidenciável na rua Eugênio de Souza. O vídeo acompanha a saída do policial do comitê, minutos depois, e sua entrada na viatura.
PREFEITO
Vidal Ramos, no Alto Vale do Itajaí, será a única cidade catarinense a escolher um terceiro candidato neste domingo, 28. É que o atual prefeito foi cassado e como ele ainda não cumpriu metade do mandato, é preciso nova eleição. Dois nomes disputam o cargo.
EM OBRAS
Questionado pelo Diário Catarinense como governar com um plano de governo de cinco páginas, Comandante Moisés (PSL) admitiu que uma nova versão está sendo construída com ajuda de entidades que lhe encaminham cartas de intenção.
“Tem um discurso para ganhar eleição e tem um discurso para governar”
Frase atribuída ao presidente que foi sem nunca ter sido, Tancredo Neves
PRODUTIVIDADE
Estimativas apontam que a Câmara Federal vai fechar o ano com 75% dos projetos apresentados nesta legislatura sem sequer terem sido apreciados. Isso no melhor dos cenários. No pior, esse índice deve chegar a 95%.
39%
das lojas catarinenses terão vagas temporárias neste fim de ano segundo pesquisa da Federação das CDLs (FCDL)