“Se não houver parceria com o poder público, fecha o hospital”, diz diretor

Pouco depois, prefeito Beto Passos (PSD) sinalizou com ajuda ao Hospital, mas não precisou quanto seria liberado

 

 

Acompanhado por um plenário lotado, o presidente do conselho deliberativo do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC), João Mario Grosskopp, e o diretor administrativo do hospital, Derby Fontana Neto, falaram por mais de uma hora durante a sessão desta segunda-feira, 19, da Câmara de Vereadores de Canoinhas. Além de fazer uma prestação de contas, eles defenderam a necessidade de o Município ajudar a manter o hospital. Há duas semanas o HSCC encaminhou ofício à Câmara “implorando” pelas sobras financeiras do exercício.

 

 

Grosskopp explicou como funciona o fluxograma do HSCC. Lembrou que o hospital é filantrópico e que, ao contrário do que chegou a ser aventado, o atestado de filantropia foi renovado em agosto de 2018. “Todo o ano o HSCC é auditado por empresa externa, uma exigência para garantir a filantropia. Além de auditoria externa, responde a um conselho fiscal. Falaram em caixa preta, deixamos aqui nossas portas abertas.”

 

 

Grosskopp respondeu, também, aos rumores de que outra pessoa assumiria a direção do HSCC a partir de janeiro. “Dizem que outras pessoas vão assumir o HSCC a partir do ano que vem e que vão fazer uma limpa. Isso é jogar gasolina no fogo. Gente que desconhece o estatuto do HSCC”, disse.

 

 

Ele negou, também, que partiu do HSCC a decisão de romper os contratos do sobreaviso médico, Unidade de Pronto Atendimento e manutenção da maternidade. “Em várias reuniões a Prefeitura nos solicitou a devolução dos serviços porque estavam em desconformidade e que por isso o Município era constantemente cobrado pelo Ministério Público”, afirmou.

 

 

CONTAS

Fontana fez um retrospecto da situação que levou o HSCC a chegar ao ponto de não ter condições de pagar o 13º salário de seus 250 funcionários neste ano. “Precisamos agora e sempre vamos precisar dessa parceria com a comunidade e o poder público. De cada R$ 100 gastos no HSCC, o SUS nos ressarce só de R$ 60”, exemplificou, citando, também, a omissão dos Municípios vizinhos que, aos, poucos, foram deixando de ajudar o HSCC, restando hoje somente Canoinhas. “Houve um choque de gestão quando a São Camilo assumiu o Hospital (durante o governo Leoberto Weinert) e isso equilibrou o HSCC. Depois eu assumi. Todos os prefeitos da região eram parceiros. Fizemos o rateio per capita. Foi bom enquanto durou. Começaram a sair as prefeituras alegando que o HSCC recebe muitos recursos públicos e que não haveria a necessidade. Só sobrou Canoinhas”.

 

 

Quando os Municípios começaram a sair, segundo Fontana, “começamos a atrasar impostos e fornecedores. Hoje chegou-se a seguinte situação: estamos na iminência de atrasar o 13º. Mas você não faz a previsão? Fiz isso por oito anos. Pagamos a primeira parcela sempre em junho e a outra no dia 19 de dezembro. Hoje estamos com dificuldade de fazer a folha. Quando viemos fazer esse pedido (das sobras financeiras da Câmara) não esperávamos tanta polêmica. O HSCC está lá, somos obrigados a trabalhar 24h por dia, mas se não houver parceria com o poder público, fecha o Hospital”.

 

 

Ele explicou que o HSCC é uma entidade de natureza jurídica privada, sem fins lucrativos. Com o  certificado de filantropia, fica isento de cerca de R$ 2 milhões em impostos por ano, mas é obrigado a atender o mínimo de 60% pelo SUS. Hoje, atende, em média, 81%.

 

 

Usando uma cesariana como exemplo, Fontana diz que o HSCC recebe R$ 545,73 pelo procedimento repassados pelo SUS. O valor, no entanto, é de R$ 1.236,96. O hospital assume a diferença. “Como? Graças a Deus atendemos particular, o que nem sempre cobre na proporção que a gente queria”, explicou, concluindo com a seguinte frase: “Nós suplicamos um ajuda, porque o hospital não pode parar.”

 

 

ENTENDA AS CONTAS DO HSCC

 


 

SOLUÇÃO

Presidente da Câmara, Cel Mario Renato Erzinger (PR), falou sobra a necessidade de se restabelecer “a verdade real dos fatos referente a esse repasse. Saúde pública é, foi e será prioridade para qualquer gestor público. Todos os repasses para o HSCC foram sempre aprovados por unanimidade por essa Casa. O HSCC pediu R$ 500 mil e respondi ao ofício explicando que o destino dos recursos competia ao Executivo, mas infelizmente tem pessoas que distorcem a verdade real”, explicou.

 

 

Presente à sessão, o vice-prefeito Renato Pike (PR) foi enigmático, mas lançou um fio de esperança na sua fala. “Temos de achar uma solução e tenho certeza de que o prefeito vai achar uma solução, vai vir pra Câmara e vai se resolver. O problema é que quando o povo vai pra rede social reclamar não sabe que os R$ 500 mil foram tirados da infraestrutura e foram para o hospital, mas nenhum serviço deixará de ser prestado”, afirmou para na sequência criticar a debandada de Municípios que ajudavam a manter o HSCC.

 

Mais tarde, o prefeito Beto Passos (PSD) disse ao JMais que “vamos ajudar de alguma forma, mas ainda estou estudando como”.

 

Nesta terça-feira, 20, a secretária de Saúde de Canoinhas, Zenici Dreher, usará a tribuna da Câmara para falar sobre o assunto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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