Até o momento, 15,5% da área urbana de Canoinhas está coberta pela rede de esgoto
Lá se vão sete anos quando em maio de 2012 o então prefeito Leoberto Weinert (MDB) assinou contrato de cessão de uso dos serviços de água e esgoto do município com a Casan. O contrato, com validade para 30 anos, anulava o que estava em vigor, com validade até este ano.
O novo contrato foi a única alternativa encontrada pelo Executivo para exigir serviço de qualidade da estatal, especialmente na questão do saneamento, já que em mais de 40 anos de gestão em Canoinhas, a Casan não havia instalado nem um metro de cano de esgoto no município. Weinert tentou três vezes na Justiça, mas sem sucesso, romper o contrato assinado pelo ex-prefeito Orlando Krautler (DEM) em 2004, com validade até 2019. O plano de saneamento havia sido finalizado em 2009 e previa investimentos em 2010 e 2011, mas nada havia sido feito até então. A Casan alegava que sem resolver a queda de braço com o Município não tinha como investir.
Mesmo com a concordância de Weinert em fazer novo contrato, a instalação dos primeiros metros de canos de esgoto só se efetivaria anos depois. Somente em março de 2015 as primeiras ruas da cidade começaram a receber os canos de esgoto.
Escolhida para fiscalizar o cumprimento do contrato entre Município e Casa, a Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris) só emitiu três advertências, a punição mais leve, em 2014, contra a Casan. Procurada, a Aris não retornou as ligações da reportagem.
Apesar de as obras terem começado em 2015, somente no ano passado o sistema começou a funcionar de fato. A inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) aconteceu em novembro de 2018, mas já estava operando desde o começo do ano. Com investimento de R$ 30,5 milhões, a obra incluiu a primeira fase de implementação da rede de esgoto, com 2,3 mil ligações domiciliares, 49 quilômetros de redes coletoras de esgoto, 4, 4 quilômetros de emissários e duas Estações Elevatórias de Esgoto. Foram 59 ruas beneficiadas com a rede, o que, segundo a Casan, contempla 15,5% da população, algo em torno de 9 mil moradores.
SEGUNDA FASE
Pelo cronograma previsto no contrato, os investimentos em esgoto teriam um mínimo anual. Somados desde 2012 esses valores chegam a R$ 28,6 milhões, valor já ultrapassado se considerarmos o que foi investido entre 2015 e 2018. Neste ano, porém, não houve avanço no projeto de fornecer esgoto para toda a área urbana de Canoinhas.
Segundo Cléber Pereira da Costa, chefe da Agência da Casan de Canoinhas, a estatal está trabalhando para avançar na rede de esgoto.
Os próximos locais a serem interligados ao sistema principal e que já estão em processo de licitação são a Cohab 4, Cohab 3 e o Residencial Nossa Senhora Aparecida. O edital, no entanto, ainda não foi lançado.
Costa explica que no caso da Cohab 4 está sendo feito remanejamento de orçamento. Já no caso da Cohab 3 e do Residencial os projetos estão em fase de conclusão. Não há data definida para lançamento dos editais, mas Costa frisa que o mais adiantado é o da Cohab 4. Somente com as Cohabs, o percentual de cobertura chegará a 20,5% da população.
REVISADO
O Plano Municipal de Saneamento foi revisado neste ano e os percentuais de expansão também foram reavaliados em relação ao contrato anterior. “A Casan vai fazer a revisão das metas com base nessa atualização do plano. A partir de então a gente vai ter uma ideia do quanto precisa ser feito e onde precisa ser feito”, afirma Costa.
RAIO X DO ESGOTO EM CANOINHAS
Sistema de Esgotamento Sanitário de Canoinhas
– Investimento até 2018: R$ 30,5 milhões
– A investir até 2042: R$ 32 milhões
– Agência Financiadora: Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD)
– Infraestrutura implantada:
:::: 2,3 mil Ligações domiciliares
:::: 49 quilômetros de redes coletoras de esgoto
:::: 4, 4 quilômetros de emissários
:::: 2 Estações Elevatórias de Esgoto
:::: 1 Estação de Tratamento de Esgoto, com capacidade de depurar 40 litros por segundo
– São beneficiadas 56 ruas da área central do município.
– População atendida: aproximadamente 9 mil moradores
– O Sistema cobre 15,5% de coleta e tratamento de esgotamento sanitário na cidade.