Apenas um candidato vai disputar vaga na Assembleia Legislativa neste ano
José Ernesto Wenningkamp Junior*
Há pouco mais de dois meses das eleições, a questão da representação de Porto União na Assembleia Legislativa de Santa Catarina vem à tona novamente. Neste ano, ao contrário de Canoinhas, onde dois candidatos disputam uma vaga na Assembleia, e Mafra, onde há seis candidatos, Porto União tem apenas um nome na disputa, Fioravante Buch Neto, pelo Democratas. Ele é advogado e foi diretor do Hospital São Braz.
Em tempos de eleição, seja na esfera municipal ou na estadual, a discussão sobre Porto União tenha um representante na Assembleia Legislativa ganha força. Uma parcela da população, junto a alguns vereadores é taxativa em dizer que a falta de um nome local na capital estadual representa a falta de recursos provenientes do governo do estado para a cidade e região.
Na última eleição, no ano de 2014, Porto União possuía pouco mais de 19 mil moradores aptos a votar segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC). No mesmo ano, 200 candidatos disputavam uma vaga como deputado estadual. Entre os candidatos, dois nomes locais apareciam, Gildo Luís Masselai e Marcos Antônio Vieira. No resultado final, a chance da tão esperada representação de Porto União em ter algum representante local ocupando uma cadeira na Assembleia não se concretizou. Segundo dados do TRE SC, Masselai foi o mais votado na cidade, tendo 3.786 votos, já Vieira em terceira posição ficou com 1.809 votos. Os eleitores de Porto União deram votos a 181 candidatos. Os nomes locais assumiram o cargo de suplentes.
Passados quatro anos do último pleito, a situação volta a tomar conta das rodas de conversas, que discutem assuntos como a situação da Estrada da Amizade (SC-135), que faz a ligação entre Porto União a cidade de Matos Costa e ao meio oeste catarinense. Masselai, hoje vereador do município, relembra que no pleito de 2014 já entrou entendendo que a corrida eleitoral e, posteriormente, uma futura eleição, não seria fácil. “Eu sabia já antecipadamente que eu não me elegeria. Porque eu fiz uma candidatura sozinho, nem o meu partido na época me apoiou, pois eles tinha outro candidato de fora, para qual deviam favores”.
Entre os quatro mais votados na cidade, além dos dois nomes locais aparecem em segundo e quarto lugar os nomes de Valdir Vital Cobalchini e Antônio Mauro Rodrigues de Aguiar respectivamente. O primeiro representante da cidade de Caçador e região, já Aguiar é natural de Canoinhas. Os dois e o ex-deputado federal hoje pré-candidato ao governo do estado Mauro Mariani são velhos conhecidos da política local, onde sempre somam votos. Para o vereador, a união entre o município com cidades como Irineópolis, Bela Vista do Toldo, Matos Costa e Calmon, para o lançamento de um nome só, que seria amplamente apoiado pelos prefeitos das cidades seria a melhor forma de se eleger um representante local, mas este assunto esbarra na tradição da população. “O resultado da última eleição mostra bem como a população é cômoda na situação onde vive”, diz Masselai.
De um lado um discurso por falta de representatividade local, do outro o costume de votar em determinado candidato porque alguém o conhece. A vendedora Micheli Jackmiu assume que não lembra corretamente o nome do candidato em que votou na última eleição, mas que quem a induziu ao voto foi a sua tia, que conhecia o candidato. “A minha tia já conhecia ele, então meu voto acabou sendo dele”. Micheli afirma que uma representatividade local seria boa para o município, pois haveria mais investimentos em saúde e educação por exemplo.
PIB PER CAPITA
Porto União hoje segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2010), possui o menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita da região, R$ 16.319,92. Já Canoinhas, município do deputado Aguiar, possui segundo dados do instituto um PIB per capita de R$ 26.884,02. Para Masaselai a diferença é clara, afinal cada deputado recebe uma verba para destinar para a sua região. “A verba deve ser destinada à infraestrutura e ao desenvolvimento de sua região”. O vereador completa ainda que falta a população a percepção do que um deputado pode fazer pela sua cidade, dos recursos e da proximidade com o governo estadual que o município passa a ter. “As pessoas pensam apenas naquilo que faz bem a elas só, esquecem da coletividade”.
O sociólogo Charles Santiago afirma que a situação que o município vive não é exclusiva, pois em todo o território nacional há reclamações de falta de verbas e incentivos públicos por parte do governo estadual para as cidades. “Em vários locais esse distanciamento das capitais ocorre, trazendo a falta de políticas públicas para estas cidades”. Na região da Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amplanorte), da qual Porto União faz parte, na última eleição apenas Aguiar representou os municípios. As reclamações sofre falta de verbas públicas se mostraram iguais a quase todas as cidades pertencentes a região.
A tradição de votar sempre nos mesmos nomes, para Santiago, mostra que há um descontentamento por parte da população com os políticos, que imagina que votar no novo possa ser pior ou porque os nomes são sempre os mesmos. Junto a isso temos ainda a obrigação de participar do período eleitoral. “As pessoas foram educadas a participar do processo eleitoral, estando agora cansadas do coletivo, fazendo assim com que alguns até anulem seus votos”. O sociólogo afirma que a população ainda possui mais um costume que é o do ‘não vou perder o meu voto’, sendo que para muitos os candidatos locais e novos no cenário estadual representaria essa perda de voto. “A população pensa que se um candidato já foi eleito tantas vezes ele deve ser bom, porque ele deveria votar em alguém que está começando agora?”
Sem um representante local na Assembleia, Porto União segue somando dificuldades como a que ocorre no Instituto Medico Legal (IML), que não possui medido legista, dependendo assim novamente de municípios como Canoinhas e Caçador.
* José Ernesto Wenningkamp Junior é estagiário. Acadêmico de Jornalismo da Uniuv