Sem representatividade política, Canoinhas deve retroceder no tempo

Além de não termos nenhum deputado em Brasília ou Florianópolis, classe política no poder tem poucos contatos nas capitais

 

 

RETROCESSO

Nos últimos 16 anos, sempre que o povo canoinhense acumulasse mais uma decepção com o Governo do Estado, não titubeava em apontar o dedo para o deputado estadual Antonio Aguiar (PSD). “Não faz nada”, “está lá só por interesses particulares”, e assim por diante se seguiam as críticas ao deputado. A partir de 2019 não teremos nem mais Aguiar para culpar. Canoinhas não terá nenhum representante direto na Assembleia, muito menos na Câmara Federal.

 

 

Teremos de nos contentar com os eleitos apoiados por políticos locais, como Chiodini (MDB), eleito deputado federal com apoio de Leoberto Weinert (MDB). Darci de Matos (PSD) não recebeu apoio oficial em Canoinhas, mas como tem certa proximidade com o prefeito Beto Passos (PSD), deve mandar uma emenda ou outra para o Município. Bom lembrar, Chiodini tem base eleitoral em Jaraguá do Sul e Darci em Joinville. Não precisa entender muito de política para deduzir qual região eles irão privilegiar.

 

 

Na Assembleia, o mais próximo que chegamos do legislativo estadual foi a eleição do canoinhense Maurício Eskudlark (PSD), que saiu da cidade criança e se estabeleceu no oeste do Estado. Na legislatura passada mandou míseros R$ 67 mil para Canoinhas. Mesmo assim, vez ou outra passa aqui pela cidade estufando o peito para dizer que é canoinhense.

 

 

 

No Senado, a proximidade do vice-prefeito Renato Pike (PR) com o eleito Jorginho Melo (PR) deve dar algum alento para a cidade. Jorginho já provou se importar com a cidade ao ser o deputado federal que mais recursos enviou para Caninhas na gestão que se encerra neste ano.

 

 

Na próxima semana saberemos querem serão nosso próximo presidente e governador. A disputa entre Gelson Merisio (PSD) e Comandante Moisés (PSL) inspira preocupação. Canoinhas perdeu, neste quesito, mais uma das tantas oportunidades de avançar em termos de representatividade política. Por mais críticas e ressentimentos que algum eleitor possa ter de Mauro Mariani (MDB) – a maior crítica era ele ter votado a favor de Michel Temer na primeira votação de pedido de investigação criminal contra o presidente -, ele era, de longe, a melhor alternativa para desenvolver a região. Mariani governador, poderia ter sido péssimo para o Sul ou Oeste do Estado, mas pela primeira vez o Planalto Norte teria um governador da região, o que certamente favoreceria a região.

 

 

Com Merisio pode-se esperar uma retribuição pelo empenho do prefeito Beto Passos na sua campanha, mas não devemos nos animar muito não. Merisio já demonstrou maior simpatia pela sempre favorecida Mafra do que por Canoinhas. Na pré-campanha, fez reuniões em Mafra com imprensa e lideranças, pulou Canoinhas e foi direto para Caçador, dando sequência a um tour pelo Estado. Na campanha, ficou menos de duas horas na cidade e participou de uma rapidíssima conversa com empresários na sede da Acic. Demonstrando impaciência, deu respostas evasivas para questões importantes.

 

 

Comandante Moisés, creio, desconhece a região. Não há um registro sequer no seu plano de governo de cinco páginas sobre o Planalto Norte. O plano, por sinal, propõe medidas vagas, sem muito detalhamento e sem especificar região alguma. Isso pode dizer que ele fará uma administração mais pulverizada ou o contrário. Impossível saber. Aliás, uma boa sugestão para a militância aguerrida do PSL em Canoinhas seria conclamar Moisés a estar em Canoinhas nos próximos dias. Seria de suma importância entender suas propostas para o Município. Merisio por aqui já esteve e não causou boa impressão. Mas ao menos deixou uma.

 

 

 

DEBATE

Nesta sexta, 19, Merisio e Moisés voltaram a se enfrentar em debate, dessa vez na RIC TV Record. Moisés demonstra que vem correndo atrás do que não correu antes por entender que não iria ao segundo turno. Tem batido menos no discurso do “novo” e apresentando propostas mais claras. Merisio ainda bate na tecla da “experiência”. O debate está ficando bom.

 

 

 

ESCÂNDALO DAS APOSENTADORIAS

Merisio diz no seu programa de rádio que foi ele quem desbaratou o escândalo das aposentadorias de servidores da Assembleia Legislativa em 2011. Na verdade o escândalo foi denunciado pela primeira vez nos anos 1980. Merisio só mexeu no vespeiro depois que a repórter Kiria Meurer fez reportagem para o programa Fantástico, da TV Globo, mostrando os detalhes da farra. Merisio, presidente da Assembleia à época, apenas fez cumprir o que se tornou iminente depois do escândalo. Surpreendente seria se ele lutasse para manter as aposentadorias.

 

 

FALTOU IDEIA

Merisio vem repetindo o mesmo programa de TV todos os dias neste segundo turno. A história de que ele adotou os dois filhos e que ainda hoje conhece as peças de carro com as quais trabalhava quando jovem é bonita, mas já deu.

 

Moisés, por sua vez, afirma que não usa dinheiro público na sua propaganda.

 

 

 

DEPUTADO YOUTUBER

Depois de Michel Temer experimentar e gostar de gravar vídeos para a internet, o deputado Antonio Aguiar (PSD) tem bombado a sua audiência nas redes ao tecer críticas a adversários políticos. Nesta semana o deputado gravou vídeo culpando o secretário executivo regional de Mafra, Abel Schroeder, pela situação de abandono da SC-477, rodovia que liga Canoinhas à BR-116. “A responsabilidade é do governo do Estado, através do secretário Abel, que nada faz para melhorar as condições da 477. Vidas que virem a ser ceifadas são de responsabilidade do secretário, que recebe verba para tal e nada faz”, disse Aguiar.

 

 

 

CONTRAPONTO

Schroeder diz que o deputado fala sem conhecimento da situação. “Até o final do ano passado a rodovia era de responsabilidade da ADR (Agência de Desenvolvimento Regional de Mafra). A competência de manutenção da rodovia passou para o Deinfra. Não veio verba neste ano para manutenção da rodovia. Tudo é feito pelo Deinfra. A partir do momento que a população começou a reclamar da rodovia, diga-se de passagem com razão, acionamos o Deinfra, na pessoa do engenheiro de São Bento do Sul, e também em Florianópolis. Eles prometeram uma operação tapa-buracos na próxima semana”, explica o secretário regional de Mafra.

 

 

Nesta semana o JMais mostrou que corre a passos de tartaruga uma licitação para recuperação total da rodovia no valor de R$ 35 milhões.

 

 

 

DATAFOLHA

A última pesquisa Datafolha mostra que dificilmente Fernando Haddad (PT) muda o quadro desfavorável. O petista atingiu 54% de rejeição, o que inviabiliza sua eleição se de fato isso se concretizar. Jair Bolsonaro (PSL), além de liderar com folga a pesquisa, tem 41% de rejeição.

 

 

ASSUSTADOR

Só 12% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e 15% dos de Fernando Haddad (PT) citam o conjunto de propostas dos candidatos para decidir seu voto, segundo levantamento do Datafolha.

 

 

As maiores parcelas, nos dois casos, se sentem motivadas pela rejeição ao outro —especialmente pronunciada na faixa que recebe mais de dez salários mínimos— e, no caso do capitão reformado, pelo desejo de mudança.

 

 

DITADURA? PODE SER

O Datafolha mostra ainda que a expectativa de uma nova ditadura no Brasil cresceu. Os eleitores que declararam haver essa possibilidade cresceu 11 pontos em comparação com a pesquisa de fevereiro de 2014. O índice, antes de 39%, agora é de 50%. Rechaçam esse horizonte 42% dos eleitores, antes eram 51%.

 

 

As mulheres (55%) e os mais jovens (59%) declaram mais essa percepção do que os homens (45%) e os mais velhos (47%).

 

 

Também os menos instruídos (54%) e os mais pobres (57%) desconfiam mais de uma mudança de regime do que os mais instruídos (43%) e mais ricos (38%).

 

Entre eleitores de Fernando Haddad (PT), 75% dizem que existe a possibilidade de o Brasil voltar a ser uma ditadura. Entre os que votam em Jair Bolsonaro (PSL), 65% descartam essa hipótese.

 

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