Sensei Celso Ogasawara fala sobre o karatê em Canoinhas

celso2Sensei Celso, você é Faixa Preta em Karatê Shotokan. Poderia nos contar sobre seu início na arte marcial e qual sua graduação atual?

Comecei a praticar Karatê aos 6 anos (em 1987). Ao longo desses anos pratiquei paralelamente por determinado período de tempo o Judô,  Muay thai, Jiu-Jitsu e Aikido que são artes marciais que admiro muito. Sou aluno do Sensei Gilberto Gaertner e Sensei Takuo Arai da Academia Bodhidharma (Curitiba-PR) e tive a graduação de faixa preta (1º DAN) no Japão em dezembro de 1998 (JKA). Atuo como Sensei (professor) desde 2001. Hoje sou 4º DAN de karatê-do tradicional (shotokan).

 

Você também possui um grande currículo com atleta. Quais foram suas maiores conquistas?

Como atleta, fui diversas vezes campeão estadual (Paraná) entre 1990 e 2013. Em 1995 fui vice-campeão do Campeonato Regional de Tókio-Japão. Integrei a seleção brasileira no Campeonato Mundial na Itália em 2000, fui campeão brasileiro em 2001 e campeão pan-americano no mesmo ano.

 

Recentemente o Karatê teve grande divulgação nacional, com os Jogos Panamericanos. Porém existem diversas modalidades de luta dentro do Karatê. Quais as diferenças entre o Karatê Tradicional e o Karatê que foi visto nos Jogos Panamericanos?

Este assunto é recorrente para os karatecas no mundo inteiro. Costumo dividir em três partes chaves essas possíveis diferenças:

1.    Esporte

Resumindo meu ponto de vista, basicamente o que muda são as regras. Para o Karatê apresentado nos Jogos Panamericamos, a pontuação(kumite) é bem mais fácil de ser considerada que no Karate-do Tradicional.

Diferente do Karate-do Tradicional que possui regras complexas, o que foi televisionado recentemente é um karatê que faz com que o público leigo no assunto se interesse pelo “esporte”, com regras mais simples e de fácil entendimento.

 

2.    Filosófico

Filosoficamente, não acredito que haja diferença entre as Federações, ou pelo menos não deveria existir. A minha única preocupação é que observo muitas pessoas deixando o Karatê-BUDO de lado e focando apenas no Karatê esportivo.

 

3.    Federação

Recentemente, o Karatê mundial passou por uma grande união federativa e de diferentes estilos inclusive. Mesmo com essa união, o karatê ainda ficou divido em dois grandes grupos, ambos visando a possível entrada do karatê nos Jogos Olímpicos. Temos de analisar todos os aspectos positivos e negativos dessas fusões. Positivamente posso dizer com absoluta certeza que aumentaria o numero de karatecas nas academias, trazendo recursos para as federações, associações e professores. Se o interesse for apenas de incluir o karatê nos Jogos Olímpicos, não vejo benefícios ao karatê mundial. Priorizando a competição, o karatê viraria um produto de venda, assim como em outras artes marciais que estão presentes nas Olimpíadas. Segundo mestre Funakoshi, “o objetivo fundamental da arte do karatê não consiste na vitória ou na derrota, mas no aperfeiçoamento do caráter de seus praticantes.”

Concluindo, karatê sempre será karatê. O que faz a diferença para o praticante são os ensinamentos transmitidos pelo Sensei (professor). Tais ensinamentos devem repercutir dentro e fora do dojo (local de treino).

 

O karatê tem crescido muito dentro do universo das Artes Marciais Mistas, com nomes como Lyoto Machida, Georges st. Pierre, Vitor Belfort entre outros. Na sua opinião, o que o karatê pode agregar no jogo de um lutador de MMA?

Temos ai três grandes exemplos do karatê no MMA. Lyoto vem do karatê Shotokan, sempre praticou karatê e obteve grandes resultados na modalidade. Fiz parte da mesma equipe que o Lyoto no Panamericano de 2001.

St. Pierre é um excelente atleta do Karatê kyokushin.

Belfort, que além de outras artes marciais, treina karatê com Jaime Sandall e Vinicio Antony, dois grandes nomes do karatê nacional.

O Karate-do pode ajudar ao praticante de MMA principalmente com técnicas de golpes diretos e de encontro, distância e tempo de luta. Além disso indico karatê como uma forma de melhorar a “postura” do atleta dentro e fora do MMA.

 

 Recentemente, você começou o ensino de karatê em Canoinhas. Como está sendo essa experiência, como estão se saindo os canoinhenses?

Estou muito feliz com os canoinhenses. Posso afirmar que estou com grandes campeões no esporte e na vida.

Em curto prazo pretendo fortalecer o karatê em Canoinhas e região. E a médio e longo prazo, tornar Canoinhas conhecida nacional e internacionalmente.

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