De onde vem o teu alimento?
Jairo Marchesan*
Viviane Beth**
O Estado de Santa Catarina possui a Lei Nº. 16.645, de 24.06.2015, a qual designa o mês de setembro como Setembro Verde, para chamar atenção da população sobre a importância, a necessidade e a urgência de estabelecer relações mais harmoniosas e de respeito ao ambiente, às saúdes humana e animal. A temática permanente de todos os anos do Setembro Verde é “Alimentação Saudável e Consumo Consciente”. Ou seja, a campanha instiga a sociedade humana para a importância e a necessidade de ter alimentação saudável e consumo consciente de produtos e alimentos, afinal, parte da nossa saúde depende do que comemos. Já o lema, este é renovado anualmente.
Neste ano será: “De onde vem o teu alimento?” É uma pergunta instigante ou provocante, que poderá ou deverá levar as pessoas a refletirem como os alimentos chegam até suas mesas! Nesta direção, é importante, também, identificar e diagnosticar o histórico da origem dos alimentos.
Às vezes, podemos ou devemos priorizar o consumo de alimentos produzidos pelos agricultores locais ou regionais. Afinal, às vezes, também, os alimentos percorrem longas distâncias desde a produção até os consumidores. Imaginem o processo de logística ou de deslocamento, quais distâncias os alimentos percorrem e quanto tempo demoram para chegar até a mesa dos consumidores! Além disso, quais os custos e quem paga essa conta para o deslocamento dos alimentos de longas distâncias?
Mais: quem produz os alimentos? Agricultores ou grandes empresas agropecuárias, muitas vezes multinacionais, as quais transformam os alimentos em commodities? Qual a qualidade de tais alimentos? Oferecem segurança ou riscos à saúde dos consumidores? Afinal, a qualidade dos alimentos pode ser implicada pelos processos de produção. Ou seja, são alimentos produzidos de maneira orgânica e com respeito ao ambiente ou utilizam-se agrotóxicos, exploração humana e ambiental?
Outra pergunta é: onde e como são produzidos os alimentos? Será que nossa região não tem a capacidade de produzir alimentos suficientemente para abastecer a demanda regional? Precisam vir alimentos, às vezes, de tão longe? Quais os custos econômicos, sociais e ambientais para produção e deslocamento de tais alimentos? Estas e outras questões devem estar na ordem do dia dos consumidores! Portanto, a campanha do Setembro Verde aposta na importância da produção de produtos orgânicos locais e regionais como uma das alternativas para diminuir custos econômicos, sociais e ambientais, gerar a inclusão social e promover o desenvolvimento regional. Afinal, a referida campanha pretende valorizar e cuidar da saúde de quem planta, do ambiente e também de quem consome.
Entende-se que no atual contexto seria oportuno e providencial haver intenso movimento social, político, econômico, religioso e outros no sentido de potencializar amplamente e pedagogicamente a campanha do Setembro Verde no sentido de informar e conscientizar a sociedade da importância de consumir produtos limpos, livres de agrotóxicos e priorizar a produção regional, bem como, aproveitar a oportunidade para politizar a sociedade sobre a seriedade e necessidade urgente da defesa e cuidado em relação às questões ambientais.
Afinal, a sociedade humana depende do ambiente para a sobrevivência. No atual contexto social mundial e de relativa facilidade de acesso aos meios de informações disponíveis, seja por meio da televisão, rádio, mídias ou redes sociais, como WhatsApp, Facebook, Instagram e tantas outras formas de comunicação, entende-se que a maioria da população brasileira já ouviu da necessidade de preservar ou cuidar do ambiente. Por isso, não há motivos suficientes para as pessoas não saberem minimamente o que podem ou não e devem fazer em prol da preservação e cuidado com o ambiente. Ou seja, não é e não há tempo, motivos ou pretextos para desculpas. Cada pessoa pode e deve fazer o mínimo e algo prático em prol do ambiente, como por exemplo: reduzir os níveis de consumo, separar o lixo e encaminhá-lo para a reciclagem, manejar adequadamente os resíduos domésticos por meio do uso de composteiras, aproveitar a água da chuva, consumir produtos naturais e regionais, reduzir o consumo de energia, plantar árvores, proteger os solos, evitar processos erosivos e o assoreamento dos rios, proteger fontes e nascentes, possibilitar espaços de infiltração das águas de chuva, construir hortas urbanas, aproveitar a luz solar, etc.
Enfim, para quem minimamente tiver um pouco de vontade, é possível fazer muito gastando pouco ou nada, e, ainda, economizar energia, dinheiro, contribuir ambientalmente, socialmente e economicamente. Reconhece-se os limites de tais iniciativas perante os grandes problemas ambientais globais, no entanto, impõe-se a necessidade de assumir o compromisso político e social de agir a partir de onde se está – o local. São ações cidadãs que podem ser replicadas ou multiplicadas para outros espaços e contextos. Que tais campanhas possam se converter processualmente em ações permanentes e contribuírem positivamente em prol do ambiente e do bem comum!
Prof. Dr. Jairo Marchesan é docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]
Viviane Beth é aluna ouvinte na Disciplina de Dinâmicas Territorial, econômico organizacional e Desenvolvimento do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: [email protected]