Série, que está na última temporada, é atordoante
SOB PRESSÃO
Com três temporadas impecáveis, caminha para a reta final uma das séries mais impactantes da TV Globo (também disponível no Globoplay). Sob Pressão chamou a atenção por expor as vísceras do sistema público de saúde no Brasil. Sem piedade.
Aquilo que vemos todos os dias nos telejornais – gente sequelada e machucada nos corredores de hospitais, filas e gente morrendo sem recursos nas UTIs – ganhou uma dramatização pelo olhar de um dos personagens menos ouvidos no falido sistema criado para atender todos os cidadãos brasileiros: o médico.
Carolina (Marjorie Estiano) já passou por tudo e mais um pouco na vida. Foi abusada pelo pai, vítima de malandro e enfrentou toda a sorte de imprevistos trabalhando em um pronto atendimento do Rio de Janeiro. Machucada pela vida, tenta dar o mínimo de condições de sobrevivência aos pacientes que atende. Isso, falando em sistema público de saúde, se torna quase impossível no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro.
Evandro (Julio Andrade) não é menos sequelado pelos reveses da vida. Os dois médicos formam o casal de protagonistas que enfrentam os mais escabrosos desafios. Nesta terceira temporada eles trabalham em uma Santa Casa que vive de recursos públicos. Mais uma vez convivem diariamente com adversidades que vão de segurar com a própria mão um órgão vital até que um motoboy traga um equipamento comprado fiado até falta de oxigênio.
A boa química entre o casal de atores é o ponto alto da série, que tem no retrato nu e cru da falência do sistema público de saúde seu triste, porém, importante impacto. Infelizmente a série vai acabar. A Globo alega altos custos. A série tem recursos da Ancine e, desconfio, o corte bruto no repasse de recursos por parte do Governo Federal deve ter pesado na decisão da Globo. Alô Netflix, que tal resgatar a primeira série brasileira para seus assinantes?