Sob PRF, apreensões de cigarro falso vão a zero de Porto União a Canoinhas

Comparativo feito pelo JMais confronta dados dos últimos três anos em que o trecho Porto União a Canoinhas ficou sob jurisdição da Polícia Rodoviária Estadual, mesmo período em que o posto está sob comando da Polícia Rodoviária Federal

 

 

 

Somente em 2014, 270 pessoas foram presas em Santa Catarina por contrabando e descaminho. Nenhuma no trecho de Porto União a Canoinhas da BR-280, principal porta de entrada do Estado para cigarro falsificado vindo do Paraguai, depois de cruzar o Paraná. E foi assim nos últimos três anos, no período em que a jurisdição da rodovia passou ao comando da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

 

 

Três anos antes o trecho estava sob jurisdição da Polícia Rodoviária Estadual (PRE). No período, segundo dados fornecidos pelo 16º grupamento da PRE, entre 2011 e 2013 foram apreendidas três cargas de contrabando e descaminho, crimes nos quais se enquadra o transporte de cigarro ilegal. O JMais pediu o mesmo levantamento à PRF, e nenhum registro foi encontrado.

 

 

Por três semanas a reportagem tentou contato com o chefe do grupamento que trabalha no posto sediado em Canoinhas. Em diversas tentativas Nilton Rogério de Oliveira não estava no posto da PRF em Mafra, que também comanda. Na semana passada Oliveira estaria em Canoinhas, onde segundo sua assessoria, receberia a reportagem. Como não houve contato, durante esta semana novas tentativas de ouvi-lo foram feitas com o posto de Mafra até que um policial que estava em Curitiba com o telefone celular do posto informou o celular particular de Oliveira. Ao atender a reportagem, o chefe da PRF disse que desconhecia os dados, apesar de terem sido fornecidos por sua assessoria. Disse ainda que tomaria ciência dos dados e no dia seguinte retornaria a ligação, o que de fato não aconteceu.

Rota do cigarro falso para entrar no Brasil/Arte DC

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PREOCUPANTE

Hoje, 70% de todos os produtos contrabandeados do Paraguai são cigarros. Calcula-se que 45,2 bilhões de cigarros foram trazidos ilegalmente para o Brasil no ano passado. Isso faz do país o maior mercado desse tipo de mercadoria ilegal, seguido pelas Filipinas, com 36,3 bilhões, e a Índia, com 23,9 bilhões.

 

 

De cada 10 veículos apreendidos com cigarros, sete são roubados. Há quadrilhas que atuam exclusivamente para abastecer a frota dos cigarreiros. Isso faz com que pessoas que nunca fumaram, nunca andaram fora da linha, sejam afetadas por esse comércio clandestino. Os dados foram levantados pelo jornal Diário Catarinense, em reportagem especial publicada no mês passado.

 

 

Nesta semana, 20 mil maços de cigarros foram apreendidos em Mafra. Policiais militares de Canoinhas colaboraram na apreensão porque o motorista não obedeceu a ordem de parada na blitz montada pelo posto de Mafra e houve perseguição. A PRF informou que o cigarro vinha do Paraguai, o que significa que o Azera onde estava a carga passou pelo posto de Canoinhas.

 

 

ÚLTIMA APREENSÃO EM CANOINHAS ACONTECEU EM 2013

Somente as três apreensões realizadas no posto da PRE, em Canoinhas, entre 2011 e 2013,  somaram 2.684 maços de cigarros, o que corresponde a valor aproximado de R$ 27 mil. E não só. Os policiais estaduais aprenderam produtos eletrônicos, perfumes, material de pesca, medicamentos, lunetas para armas de fogo, máquinas de choque e algemas no valor aproximado de R$ 20 mil. Houve, ainda, apreensão de crack, maconha e cocaína.

 

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