Trânsito de Canoinhas, o estudo realizado e a visão do futuro

Professor opina em artigo sobre o estudo de tráfego que será apresentado nesta quarta em Canoinhas

 

 

Prof. Rui Branco *

 

 

Enquanto ocorre o aumento do número de veículos que transitam pelas cidades, ainda pensando em estacionar em frente às lojas e em frente às suas casas como sempre faziam ao longo dos tempos, as pessoas imaginam que o trânsito também permanecerá o mesmo como sempre o conheceram. É evidente que o aumento constante de veículos nas cidades levará ao momento de congestionamento total em que carros não conseguirão mais seguir em frente a não ser que se retire estrategicamente alguns carros para que os demais novamente sigam em frente. Esta é uma projeção feita tempos atrás, imaginando o que aconteceria nas grandes cidades com o aumento de veículos a transitar por elas.

 

 

Baseado nisso, não é novidade e não é anormal que em alguns momentos tenhamos um movimento mais intenso ou até alguns engarrafamentos, até mesmo em cidades do interior.

 

 

Para pessoas que não visitam cidades maiores ou capitais, talvez o movimento de Canoinhas já pareça estar no limite, principalmente quando comparam com o movimento de anos atrás.

 

 

Ao tecer comentários sobre o trânsito de Canoinhas, e ao analisar a atual situação com vistas a facilitar o movimento dos veículos e também dos pedestres, uma série de dados se fazem necessários bem como uma visão para o futuro. As soluções apontadas por outras cidades, principalmente das que estão à frente em termos de soluções devem ser consideradas.

 

 

Desta forma, para analisar e apontar soluções considera-se importante:

 

 

– o levantamento da evolução do número de veículos cadastrados e em trânsito em Canoinhas. Conhecendo modelos de comportamento e uma população de veículos final, poderia se estimar o momento de saturação;

 

 

– o levantamento dos veículos em trânsito ao longo de um período que contemple baixos, médios e grandes movimentos passando por diversos períodos ao longo do dia;

 

 

– o levantamento destes movimentos nas diversas ruas, as quais estão apresentando problemas de trânsito;

 

 

Observações empíricas realizadas por quem transita por Canoinhas permite afirmar que é possível, em momentos de trânsito normal, atravessar a cidade em menos de 5 minutos.

 

 

Com relação ao estudo do trânsito realizado, apontando soluções óbvias e nenhuma alteração marcante, parece estar indicando uma das duas opções:

 

 

– ou a comparação do movimento encontrado em Canoinhas, com ruas largas e não estreitas como grande parte das ruas das cidades do estado, nada apresentou de estranho e que exija grandes providências. Sem dúvida, comparando nossa situação de trânsito com a realidade de cidades do meio-oeste e até de cidades próximas como São Bento do Sul, fatalmente o estudo deveria concluir que nenhuma alteração deva ser realizada;

 

 

– ou o estudo de fato não se aprofundou e deixou a desejar;

 

 

Em qualquer um dos casos, não está a indicar alguma providência marcante. Sem dúvida, existem meios de melhorar de algumas formas o trânsito mas quem deve apresentar estas soluções são profissionais habilitados e habituados a avaliar os movimentos nas cidades. E mesmo que se considere o valor gasto no estudo, certamente um estudo aprofundado custaria bem mais.

 

 

Então, não serão as pessoas que decidirão, por seus palpites baseados na sua vivência, cada um limitado às suas observações pessoais, que decidirão o futuro do trânsito de Canoinhas.

 

 

Se olharmos para o futuro, as incertezas também se apresentam pois:

 

 

– até quando teremos este veículo movido a combustíveis fósseis?

 

 

– quando este veículo deixar de existir, o veículo elétrico substituirá o atual em condições de preço a fim de torná-lo disponível ao público e continuarmos com o mesmo número de veículos a transitar por nossas ruas?

 

 

– de onde virá toda a energia elétrica para movimentar os carros se atualmente já ocorrem  os apagões?

 

 

– então, por que transformar toda a cidade se o futuro já aponta para mudanças no comportamento das pessoas, forçadas pela falta do meio de transporte individual?

 

 

– existe disponibilidade financeira para realizar alterações duvidosas?

 

 

Finalmente, aproveitando o estudo apresentado, o qual indica que soluções que levem o movimento para fora da área central sejam implementadas, parece estar bem de acordo com as tendências mundiais em que se reserva o centro da cidade apenas para os pedestres. Não é novidade que as cidades europeias projetam para daqui a 20 anos expulsar os carros do centro da cidade e reservar estes espaços apenas para os pedestres. E voltando ao início do texto, podemos afirmar mais uma vez que é uma questão cultural que sugere que, em nossa cidade, os carros ocupem todos os espaços e releguem a segundo plano o espaço para o pedestre.

 

 

Enquanto o brasileiro quiser levar vantagem em tudo, burlando regras de trânsito, enquanto quiser defender seu interesse em vez de pensar no bem público, dificilmente encontraremos soluções para estas situações. Considerando tal quadro, as autoridades que estão à frente nos momentos de decisão como o que se apresenta agora, dificilmente sairão satisfeitos e com uma solução que permita satisfazer os anseios da população. Independente de partido político, quem for que estiver à frente das decisões, terá uma árdua tarefa a cumprir. É bom que se ampare de dados e informações consistentes e não se baseie apenas em palpites.

 

 

Ainda com relação ao estudo realizado devemos considerar que não apresenta dados de movimento, nem nas canaletas abertas no calçadão da Rua Felipe Schmidt que parecem ser subutilizadas. Também não são apresentados dados de movimento para as ruas Paula Pereira e Vidal Ramos, para as quais a população sugere a remoção do calçadão.

 

 

Que o calçadão não está apresentável todos concordam mas, que isto é motivo para removê-lo, aí é outra história. Parece que a muito tempo está faltando algum cuidado por lá.

 

 

Como fui instruído a decidir com base em dados sólidos, me abstenho de dar palpites e que assuma aquele que decidir por alguma alteração. O momento não é para desperdícios ao contrário, o recurso deve ser utilizado como se faz em casa quando se tem um objetivo: gasta-se apenas o necessário.

 

* Prof. Rui Branco é mestre em Ciências Florestais pela UFPR, Docente Titular na UnC Canoinhas

 

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