Vereador diz que ainda existem resquícios da ditadura militar em administrações públicas

João Grein fala sobre os 50 anos do Golpe Militar e a rigidez do regime que, por duas décadas, amedrontou o país/ Foto: Rodrigo Melo/ Divulgação

Os 50 anos do Golpe Militar foram lembrados pelo vereador João Grein (PT) durante pronunciamento na tribuna da Câmara, na noite de terça-feira, 1º de abril. “Muitos brasileiros não viram o sol nascer, pois perderam a vida na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1964”, lamentou.
Citou a rigidez do regime que, por duas décadas, cassou direitos políticos daqueles que eram contra os militares, prendeu, torturou e matou pessoas. “Estou vestido de camisa vermelha não por acaso, é uma forma de homenagear os brasileiros que tiveram seu sangue derramado no período da ditadura”, falou.
Grein leu trechos de artigo assinado por Wladmir Pomar, analista político e escritor, que relata casos em que crianças eram levadas ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops) para verem seus pais serem torturados. “Era uma maneira de opressão, para assistirem o sofrimento. Essas crianças entraram num mudo novo, mundo de fuga e medo. Para que servisse de exemplo e futuramente não viessem a se manifestar contra o regime”, afirmou.
Para o vereador, ao utilizarem frases como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, os militares vendiam a falsa ideia de que os descontentes queriam impedir o sucesso do regime. Outra farsa, em sua opinião, era o fato de os militares prezarem pela divisão igualitária de renda no país. “Falavam em aumentar o bolo para dividir depois. E dividiram, mas com os norte-americanos, com as empresas multinacionais, com alguns grandes empresários, só com meia dúzia. Enquanto isso, a miséria comeu solta nesse país”, alertou.
Ele fez menção ao povo brasileiro que não se calou mesmo diante da opressão e violência do regime e a duas pessoas que foram vitimas da ditadura: o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e a atual presidente Dilma Rousseff. “O Lula, inclusive, saiu algemado da cadeia para ir até o velório da sua mãe. E tava preso porque lutava pela independência do povo”, ressaltou.
Por fim, Grein afirmou que ainda existem resquícios da ditadura em algumas administrações públicas. Segundo ele, por não pertencerem a determinado partido ou apoiado certos candidatos, pessoas competentes são tiradas de cargos estratégicos e passam a ser ignoradas. “Não precisa se esforçar muito para perceber perseguição política contra aqueles que não são amigos do rei”, concluiu.

Rolar para cima