“Vereador não tem o que fazer em Brasília”, diz secretário sobre viagem de Cris Arrabar

Foto: Bene ocupou a tribuna da Câmara para se defender de acusações/Rodrigo Melo/Divulgação

Após discutirem via rede social e trocarem acusações pela imprensa, a novela envolvendo o secretário municipal de Obras Bene Carvalho e a vereadora Cris Arrabar (PT) ganhou um novo capítulo durante a sessão ordinária realizada na noite de segunda-feira, 8.

Alegando ter sido atacado moralmente, o secretário ocupou a tribuna da Câmara para repudiar críticas feitas pela vereadora.  “Desceu o verbo contra mim, mostrou toda a sua ira e a língua afiada que tem”, reclamou.

Na semana passada, Cris havia rebatido insinuações de Bene, em uma rede social, de que ela estaria usando recurso público para passear, ao invés de estar a serviço do legislativo canoinhense.

A polêmica iniciou após a vereadora postar uma fotografia tirada em frente ao Congresso Nacional, há aproximadamente 15 dias. Bene compartilhou a postagem em sua time line e ainda fez o seguinte comentário: “Tour em Brasília, que maravilha!”.

Naquela ocasião, Cris e o presidente da Câmara, vereador João Grein (PT), estavam na capital federal participando do 7º Congresso Nacional de Câmaras Municipais.

Bene negou a intenção de querer ofender a vereadora com o comentário. “Não foi machismo e nem desrespeito a mulher como ela quis dizer”, garantiu.

Afirmou que fez apenas uma observação, já que até pouco tempo Cris falava ser contra o fato de vereador viajar. “No ano passado disse várias vezes que o vereador tinha que ficar no município atendendo a sua comunidade. Não sei o porquê de ter mudado de opinião”, acrescentou.

Mesmo sendo favorável a continua capacitação por meio de cursos, congressos e seminários, o secretário falou que “vereador não tem o que fazer em Brasília”. Justificou sua posição afirmando que “lá os deputados e senadores não dão bola nem para os prefeitos” e que o deslocamento, hospedagem e as refeições são as mais caras do país. “Em 16 anos como vereador, nunca fui por achar desnecessárias essas viagens”, completou.

Sobre a acusação de que teria se envolvido em outras polêmicas pelas redes sociais, Bene informou que apenas uma vez deu uma resposta ríspida e esta foi a um morador da localidade de Arroios, que teria lhe xingado pessoalmente, bem como a administração municipal. “Não sou de ficar quieto, se me tratam com respeito, retribuo. Mas neste caso, me desacataram e eu respondi na mesma moeda”, esclareceu.

Já com relação ao jovem do distrito de Marcílio Dias, qual teria mandado comprar um lote no asfalto para escapar do pó e da lama, o secretário disse que se tratava de uma brincadeira. “O guri é amigo da minha filha, o comentário repercutiu mal, mas agora a coisa já está resolvida”, comentou.

Bene falou que apesar de não ter sido reeleito para sua quinta legislatura, ainda obteve o dobro de votos que a vereadora, mesmo ela “usando” a Apoca (Associação dos Pacientes Oncológicos de Canoinhas e Região) e contando com o conhecimento e influência de seu pai, qual classificou como sendo “um dos homens fortes do Sicoob (Credicanoinhas)”.

Segundo ele, mesmo com o desgaste natural de cada eleição, “ficou bem mais feio para você (vereadora) do que para mim. Quero ver se lá na sua quinta eleição, se conseguir chegar até lá, vai obter o mesmo número de votos de que o meu”.

Lembrou que se por ventura vir a deixar o cargo de secretário, tem uma profissão e é funcionário efetivo da prefeitura. “Ao contrário de você (vereadora), que nem emprego tem. Não faz nada o dia inteiro, é só vereadora. Caso não se reeleja em 2016, estará desempregada”, alfinetou.

Bene ainda se manifestou sobre o fato de ter sido condenado a devolver recurso público. De acordo com ele, a decisão judicial está lhe punindo por, num período de quatros meses, ter ocupado simultaneamente e ter recebido salário como secretário regional e vereador. “Pedi demissão e, a pedido do Luiz Henrique da Silveira (governador na época), fiquei no cargo até a nomeação do outro secretário. Foi isso que aconteceu, mas se tiver que devolver os recursos, eu devolvo”, ressaltou.

Confirmou a participação em diversos eventos no período em que esteve como vereador. “Viajei bastante mesmo e já fui o campeão de diárias”, informou.

Disse ainda que, conforme relatou a vereadora, fez o mesmo curso três vezes. “O título era o mesmo, mas os temas diferentes”, explicou, ao argumentar que sua presença era necessária por ocupar diversas vezes a presidência da comissão de justiça e redação e até o comando da Câmara, em uma oportunidade.

Bene ainda mandou um recado à vereadora. “Pode denunciar o que você quiser, não tenho rabo preso com ninguém”, cutucou, ao relatar que já deu explicações ao Ministério Público sobre denúncia envolvendo suposta irregularidade na liberação de diárias em outras legislaturas. “Já prestei esclarecimentos e apresentei certificados sobre os cursos que participei”, completou.

Apesar da polêmica com a vereadora, ele garantiu que continuará usando as redes sociais e outros meios de comunicação para interagir com os munícipes. “Quem ocupa cargo público tem a obrigação de atender a todos e nunca um secretário deu tanta abertura para a comunidade como eu estou dando”, finalizou.

 

Cris Arrabar rebate Bene: “Para vir falar de moral, tem que ter!”

Vereadora responde declarações feitas por secretário na tribuna da Câmara, como também em redes sociais e imprensa

 

Motivada pela polêmica iniciada nas redes sociais e que culminou com a troca de acusações via imprensa e através da tribuna da Câmara, vereadora Cris Arrabar voltou a mandar recado para o secretário municipal de Obras Bene Carvalho. “Para vir falar de moral, tem que ter!”, cutucou.

A afirmação, segundo ela, é uma resposta à nota encaminhada por Bene aos veículos de comunicação da cidade, na qual dizia ser contra o falso moralismo. “Estou cansada de tudo isso, mas não vou ficar quieta”, prometeu.

Continua defendendo a ideia de que o secretário foi machista e preconceituoso nas insinuações e comentários feitos a sua pessoa, como também a sua atuação como vereadora. “O vereador João Grein (presidente da Câmara) também estava em Brasília e, em nenhum momento foi citado pelo secretário. E daí sou eu quem está inventando coisas?”, indagou.

Garantiu que jamais foi contrária ao fato de vereador participar de cursos, seminários ou congressos como continua insistindo em dizer o secretário. “É fácil tirar a frase de um contexto e não falar o resto. O que eu havia dito, apenas, que era contra viajar para fazer papel de prefeito e secretário”, ressaltou.

Falou que não tem histórico político na família e que foi eleita vereadora já em sua primeira disputa eleitoral. “Estou aqui sim pela legenda do meu partido. Mas até que a legislação eleitoral mude, será assim. Portanto, sou legitimamente eleita vereadora”, rebateu, ao lembrar que Bene teve o dobro dos seus votos e, mesmo assim, não havia obtido sucesso no último pleito.

Cris ainda repudiou a acusação feita pelo secretário, de que ela teria usado a Associação dos Pacientes Oncológicos de Canoinhas e Região (Apoca) para se eleger. “Jamais vou admitir que falem isso”, ameaçou, ao informar que pediu demissão da entidade antes mesmo de se candidatar.

Ao contrário do que disse o secretário, afirmou que tem diploma universitário, profissão e só não está atuando porque prometeu dedicação exclusiva à função no período em que estiver como vereadora.

Alfinetou o secretário ao lembrá-lo de que não poderá concorrer mais a nenhum cargo público por estar condenado por improbidade administrativa. “Já eu, posso chegar à quinta disputa e até tentar fazer os mesmos votos que ele fez”, ironizou.

A vereadora falou que simultaneamente as atividades como engenheiro civil na secretaria municipal de Planejamento, Bene exercia também a fiscalização de obras pelo município, inclusive das que ele assinava como responsável. “Ou seja, fiscalizava a si mesmo. Isso pode ser até legal, mas é moral?”, questionou.

Observou que entre as atribuições do cargo, “em nenhuma diz que o secretário tem de ficar na internet conversando, respondendo e atacando pessoas em horário de expediente”. E foi além. “Também não diz que tem ficar aqui na Câmara. Inclusive, fica aqui mais agora de que na época que era vereador”, comentou.

Tornou público que nos quase dois anos como vereadora, gastou R$ 6.381,34 em diárias. Informou ainda que nos anos de 2013 e 2014, a Câmara somou R$ 56.079,87 em diárias, valor esse abaixo do qual Bene utilizou no período em esteve como vereador que foi de R$ 69.637,93. “Sozinho, ele gastou mais de que todos os vereadores e servidores nos últimos dois anos”, comparou a vereadora.

Para finalizar, Cris afirmou que dava por encerrada a discussão. “Não é meu papel ficar aqui discutindo com secretário”, explicou. Mas prometeu levar o assunto à justiça caso Bene volte a provocá-la.

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