Ela continua afirmando que ocorreu falta de receituários para medicamentos psicotrópicos e diz que recebe reclamações de pacientes e funcionários públicos
A vereadora Telma Bley (PMDB) rebateu reportagem publicada nesta quarta-feira, 14, no JMais, que mostra que o Município de Canoinhas possui estoque de aproximadamente 50 mil notificações de receita para psicotrópicos. A informação é da farmacêutica Damaris Pires, da Vigilância Sanitária de Canoinhas. Os blocos estão nos armários da Vigilância Sanitária.
Em nota enviada ao site, ela diz que jamais iria reclamar de uma situação se essa não fosse grave. “As informações foram originadas, desde o começo de abril, de diversas unidades de saúde, onde alguns funcionários me procuravam para se queixar da falta de vários produtos medicamentosos, materiais de limpeza e material médico hospitalar, mas relatando também a questão das cópias e impressão de formulários para prescrever remédios controlados.”
A nota segue:
“A licitação para impressos ocorreu com demasiado atraso e foi aí que partiram para a produção própria de formulários para prescrição. Tal situação repercutiu de maneira a gerar preocupação em muitos funcionários, os quais pedem que seus nomes não sejam revelados porque agora existe a “lei do silêncio”, falou algo que não agrade as administradoras da saúde (duas), sabe-se que são perseguidos indiscriminadamente. Como trabalho dentro da prefeitura, procurei informações e um funcionário da Vigilância Sanitária, já tem muitos dias, que inclusive mostrou-me o estoque de talonários que eram alguns poucos blocos, mas incrivelmente esse estoque “cresceu” conforme imagem postada no JMais. Até uns amassados em cima da pilha dá para identificar.
Na verdade preferiria que esses fatos não ocorressem e que a Saúde de Canoinhas não estivesse do jeito que está, pois a maioria das pessoas está saindo da farmácia da Policlínica sem os medicamentos prescritos pelos médicos. Pessoas essas com doenças crônicas que não podem interromper o tratamento das patologias que possuem, pessoas carentes materialmente. Inclusive dias atrás a Secretaria Municipal de Saúde estava comprando de uma farmácia central uma quantidade exorbitante de medicamentos, por dia, para abastecer a Unidade de Pronto Atendimento, CAPS e até mesmo distribuir no balcão da farmácia básica porque não haviam comprado os produtos através de processo licitatório. Existiu sempre uma farmácia central que era contratada através de processo licitatório para atender pacientes que fazem uso de medicamentos que não vale a pena ter no estoque, ou seja, esporádico, ou para alguma emergência, mas não para abastecer o próprio balcão de distribuição de medicamentos da Policlínica. Para isso tem que ser feito processo licitatório e havia um orçamento anual fechado para essas compras emergenciais. Tanto que uma farmacêutica, neste exercício, ficou com receios de assinar a nota fiscal que veio dessa farmácia aqui do centro, por ser de alto valor.
Durante tantos anos em que atuei na administração da Saúde, deixando a cadeira por vontade própria, não consegui ver momentos de tanta desorganização. Problemas são inerentes ao setor Saúde, mas não como está no momento. Espero que a população seja atendida com dignidade na Unidade de Pronto Atendimento e demais postos e que consigam ter um estoque digno de medicamentos que possa atender a maioria. Planejar não é difícil.
Dentre tantas dificuldades, essa dos formulários de prescrição medicamentosa já está “camuflada” pelo exímio “planejamento” da administradora, a qual perde tempo em justificar tudo, em vez de trabalhar para sanar parte das dificuldades que são vivenciadas no dia a dia das pessoas de Canoinhas. Muitos pacientes e funcionários me procuram para reclamar diversas situações e pedir ajuda, pois minha bandeira principal é a Saúde e jamais deixarei de ficar de olhos bem abertos, então que façam direito, assim também não perderei tempo com situações que desagradam muita gente.”
CONTRAPONTO
Em nota, a assessoria de imprensa do Município voltou a rebater a acusação da vereadora:
“A Prefeitura de Canoinhas novamente ressalta que o controle dos receituários para prescrição dos psicotrópicos é realizada pela Vigilância Sanitária e que há no estoque 50 mil notificações para prescrição e que estas notificações foram adquiridas em 2013. Portanto, nunca houve falta de receituários para psicotrópicos porque há um rigoroso controle realizado pela Vigilância Sanitária. Ademais, os médicos de Canoinhas são profissionais comprometidos com a segurança dos pacientes e jamais fariam algo irregular ou que possa prejudicar a saúde pública em nosso Município.
Sobre a falta de medicamentos: é público que tivemos falta de medicamentos, material de limpeza e materiais hospitalares desde o início do ano. Uma sindicância foi aberta para apurar o motivo pelo qual entramos em 2017 com problemas no estoque. Assim que a nova gestão assumiu, foi realizado levantamento de todo o material que estava em falta para ser lançada a licitação para compra.
Sobre a compra de medicamentos em farmácia local: a saúde da população é prioridade para o Governo Municipal e por isso existe contrato para compra em farmácia local, para que os medicamentos de responsabilidade do Município não faltem. Esta prática sempre foi realizada pele Secretaria da Saúde. Houve, no entanto, modificação no controle interno das requisições para compra em farmácia local. Antes, estas requisições estavam na Secretaria e agora estão sob responsabilidade de uma profissional da área.
A atual gestão investiu um milhão de reais na compra dos medicamentos básicos, de responsabilidade do Município. A Secretaria Municipal de Saúde esclarece, contudo, que estão em falta medicamentos de responsabilidade do Governo Estadual, da Secretaria de Estado da Saúde – inclusive os de processos judiciais.
O Governo Municipal é contra a perseguição e não há registro de tal prática na atual gestão da Secretaria Municipal de Saúde, mas ressalta que a prefeitura possui mecanismos oficiais para denúncia e que todas serão devidamente apuradas.
O Governo Municipal está comprometido com a saúde da população e tem trabalhado incansavelmente para amenizar os transtornos burocráticos inerentes à esfera pública. Mudanças inicialmente geram dúvidas, mas estamos confiantes de que as transformações trarão benefícios incomensuráveis aos canoinhenses.
Temos bons avanços para comemorar como a ampliação do sobreaviso médico na Unidade de Pronto Atendimento e hospital, a contratação de médicos por processo seletivo para unidades básicas de saúde, alto investimento na compra de medicamentos para a farmácia básica e a implantação do atendimento por acolhimento nos postos.”