Vereadora repudia ataques a professores e volta a cobrar CPI na Educação

Como forma de repúdio aos ataques físicos e morais praticados contra os professores do país, vereadora Cris Arrabar (PT) vestiu roupa preta e, na tribuna da Câmara, manifestou sua solidariedade e apoio à valorização da categoria.

Em sua fala na sessão ordinária de segunda-feira, 04, lamentou a dura repressão da Polícia Militar feita contra professores do Paraná, na última semana, e que deixou mais de 200 manifestantes feridos. “Fazer greve é um direito constitucional”, comentou a vereadora, ao reclamar da falta de diálogo do Governo Beto Richa (PSDB) durante as negociações com a categoria.

Indignada, combateu as ofensas do servidor público terceirizado da Secretaria do Desenvolvimento Regional de Canoinhas, Marcel Larson, contra os professores em uma rede social.

Em sua página, no Facebook, o servidor que é cunhado do prefeito canoinhense Beto Faria (PMDB) e filho de professora aposentada, classificou os educadores como sendo “vadios” e disse ainda “que se não estão em férias, estão de licença e se não é licença é greve”. “Curiosamente, trata-se de um funcionário responsável pelo pagamento repassado às escolas estaduais e que deveria conhecer a realidade dos professores”, acrescentou.

Cobrou ainda um posicionamento oficial da SDR Canoinhas, já que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), através de sua coordenação regional, entregou nota de repúdio ao órgão, na qual considera como assédio moral as declarações postadas pelo servidor. “Falou, está falado e a pessoa deve arcar com as consequências”, afirmou.

Outros vereadores também se manifestaram contra os comentários feitos por Larson.

João Grein (PT) classificou o episódio como lamentável e desastroso. “E para esse tipo de coisa não há pedido de desculpas que de jeito”, observou.

Professor da rede estadual de ensino há 27 anos, vereador Osmar Oleskovicz (PSD) considerou grosseiro o posicionamento do servidor perante a categoria. “Num momento inoportuno, de baixa estima, foi atacar aqueles que mais trabalham, que mais se dedicam e fazem de tudo para proporcionar educação”, ressaltou.

Paulo Glinski (PSD), por sua vez, disse que os comentários feitos de forma generalizada ofenderam toda uma categoria. “Todo repúdio que vir a ser feito é bem vindo para que as pessoas pensem melhor antes de atacar os outros”, salientou.

Para Wilmar Sudoski, praticamente todos os municípios e Estados brasileiros apresentam problemas de gerenciamento na Educação, mas que o respeito à categoria deve ser inabalável. “Sou solidário aos professores e eles precisam ser respeitados”, falou.

 

CPI 

Vereadora Cris Arrabar (PT) chamou atenção para os problemas relacionados à falta de professores, monitores e serventes na rede municipal de ensino de Canoinhas.

Expirado em 30 de abril o prazo estabelecido pela própria secretaria de Educação para a regularização nas escolas, a vereadora disse que a situação ainda está longe de ser resolvida e defendeu uma cobrança mais efetiva da Câmara junto ao governo do município.

Passados três meses do início do ano letivo, ela informou que há casos onde os alunos ainda não tiveram uma aula sequer em determinadas disciplinas. Falou que permanece o rodízio de turmas em algumas escolas para que os professores em atividade possam atender a demanda.

Ainda de acordo com Cris, a alteração temporária da carga horária dos professores efetivos e que visava sanar por determinado período a falta de profissionais, teve de ser cancelada pela secretaria de Educação a pedido do Ministério Público. “Virou um caos novamente, porque tinham vários professores nessa situação”, lamentou.

Colocou em xeque a qualidade da obra de construção e ampliação da Escola Municipal Aroldo Carneiro de Carvalho, no bairro Jardim Esperança e que foi entregue há poucos meses à comunidade. Segundo ela, fotos e relatos de pessoas dão conta que a estrutura já apresenta goteiras na quadra esportiva coberta e também em salas de aulas.

Por esse motivo, Cris apresentou requerimento e que será direcionado à pasta de Educação no qual solicita cópias das notas fiscais referentes aos investimentos feitos na escola.

Diante da série de problemas que permanece sem resolução, é que a vereadora voltou a cobrar, depois de dois meses, a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades na gestão da secretaria de Educação.

Para ser colocada em prática, no entanto, a proposta de CPI precisa da assinatura de quatro vereadores. Fora Cris, outros dois parlamentares já acenaram positivamente para a investigação: João Grein (PT) e Paulo Glinski (PSD). “O prazo para que tudo ficasse resolvido já passou e o meu pedido de CPI permanece em pé”, salientou Cris.

Líder do governo na Câmara, vereador Osmar Oleskovicz (PSD) defendeu o retorno do secretário de Educação, Hamilton Wendt à Câmara a fim de que novas explicações sejam fornecidas aos vereadores. Cris, porém, combateu a sugestão dada por ele, afirmando que a realidade passada pelo secretário é totalmente diferente daquela que ouve da direção e professores nas escolas. “Estou convencida de que não adianta o secretário vir aqui”, alfinetou.

Ela ainda deu a entender que pessoas ligadas à Educação estariam coagindo e até ameaçado os profissionais que se manifestaram contra a política de gestão da secretaria. “Tem gente que fala comigo chorando e pede que não fale seu nome com medo de receber sanções”, denunciou.

Já o vereador João Grein (PT), considerou a vinda De Wendt uma maneira democrática de debater os assuntos, mas desde que o secretário e um representante dos professores tenham tempos semelhantes para se manifestarem.

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