Com as línguas afiadas, vereadores canoinhenses não pouparam críticas ao modelo de gestão adotado por Bene Carvalho a frente da secretaria municipal de Obras. Inclusive, ocuparam expediente na sessão ordinária de segunda-feira, 9, para pedir publicamente a cabeça do secretário ao prefeito Beto Faria (PMDB).
Na alegação dos vereadores, Bene utiliza a estrutura da secretaria para atender a interesses próprios e fazer politicagem, enquanto grande parte do município está com ruas e estradas deterioradas e sem manutenção.
Ao reclamar do estado de abandono em que se encontram as ruas do Campo d’Água Verde e de não ter suas solicitações de melhorias atendidas pelo secretário, vereador Wilmar Sudoski (PSD) disse que o comando da pasta de Obras deveria ser dado à outra pessoa. “O prefeito tinha que tomar providências”, disparou.
Renato Pike (PR) falou que se dependesse da sua vontade e também do seu partido, Bene já estaria fora da secretaria. “Ele (secretário) que pare de atender os assuntos particulares e que atenda o município num todo. Que pare de fazer política com a secretaria, porque senão a coisa vai enfear”, ameaçou ele, ao afirmar que o prefeito também é culpado por nomear e manter o ex-vereador no cargo.
Para Gilmar Martins, o Gil Baiano (PSDB) “não dá mais” para manter o secretário no cargo. Citou a precariedade das estradas rurais e a dificuldade dos agricultores em poder escoar, principalmente, a produção de leite. “Os caminhões não conseguem chegar as propriedade”, garantiu.
Em tom de desabafo, ainda cobrou a recuperação da estrada que liga a localidade da Fartura até o Rio do Tigre e Encruzilhada, que havia sido prometida pelo secretário há quase um ano. “Inclusive, estive com o Bene e o próprio prefeito visitando o local e acabamos encalhando com o carro”, informou.
João Grein (PT) comentou que a política de Canoinhas virou um balcão de negócios. Frisou ainda que ao não atender as indicações apresentadas pelos vereadores, quem sai perdendo é a comunidade. “Infelizmente têm pessoas que sentam em cima dos recursos públicos e acham que são donas”, reclamou.
Na opinião da presidenta da Câmara, vereadora Cris Arrabar (PT), a Secretaria de Obras só irá funcionar mesmo no próximo ano, com a proximidade das eleições municipais. “O secretário esteve aqui na tribuna e garantiu que em dois anos tudo estaria resolvido, mas até agora nada. Mas aposto que ano que vem tudo vira um canteiro de obras e não vai faltar material para se colocar nas ruas”, criticou, ao ainda lembrar que o secretário não demonstra interesse em atender as indicações da Câmara.
Por nunca ser atendido pelo secretário, Neuzo Genérico (PSB) falou que tem feito as solicitações pessoalmente ao prefeito e vice-prefeito. “Nem faço mais indicações, pois é só para gastar papel”, acrescentou.
Já Paulo Glinski (PSD) questionou o fato de a Secretaria de Obras estar trabalhando apenas meio período, ao mesmo tempo em que a maioria das vias públicas municipais apresentam problemas. “Onde que está bom?”, indagou, ao ainda dizer que “se está ruim, é porque o prefeito não tira o secretário. E isso é fácil de resolver, pois quem tem a caneta é só mandar fazer três linhas numa folha e assinar (exoneração)”.
Governista Chiquinho da Silva (PMDB) tentou remediar a situação, prometendo dialogar pessoalmente com o secretário e o prefeito Beto Faria. “Vou levar até eles as reclamações e trago uma posição do que pode ser feito”, finalizou.