Vereadores de Porto União receberam medalhas de instituto suspeito

Instituto Tiradentes foi denunciado pelo programa Fantástico por comercializar títulos

 

Uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, denunciou empresas que estariam vendendo diplomas de melhor gestor para prefeitos, vereadores e secretários municipais. Conforme apurou o jornalista Giovani Grizotti, a União Brasileira de Divulgação (UBD), de Pernambuco, e o Instituto Tiradentes, de Minas Gerais, promovem até 20 eventos de premiação por ano em hotéis brasileiros, quase sempre em cidades turísticas.

 

 

De Canoinhas, o ex-vereador Alexey Sachweh (PPS) ganhou uma medalha do Instituto Tiradentes em 2011, mas como frisa Sachweh, ele pagou do bolso pelos custos do prêmio.

 

 

Não foi o que aconteceu em Porto União, onde três vereadores “ganharam” o prêmio em 2015 e 2017. Gilson Masselai (PSDB), Sandro Calikoski (MDB) e Christian Martins (MDB) receberam a distinção nas duas ocasiões. De acordo com material divulgado pela assessoria de imprensa da Câmara de Porto União em 2015,  eles foram escolhidos “por meio de pesquisa de opinião pública, como os mais atuantes, no critério de atuação parlamentar, em Porto União.”

 

 

Ainda segundo o material da Câmara, a Medalha Tiradentes é concedida pelo Instituto Tiradentes, “para revelar os políticos mais atuantes, nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná”. Para tanto, “realizou ampla pesquisa de opinião pública por amostragem nos meses de agosto e setembro deste ano (2015). “O prêmio apenas é conferido aos políticos que obtiverem aprovação nesta pesquisa e que possuam ilibada idoneidade moral e relevantes serviços prestados em benefício de suas comunidades”.

 

 

O vereador Gildo Masselai conquistou a primeira colocação, seguido pelo vereador Sandro Calikoski e o vereador Christian Martins. A entrega da honraria aconteceu durante o 96º Seminário Brasileiro de Autoridades do Executivo e Legislativo da Região Sul, que aconteceu nos dia 3 e 4 dezembro de 2015, no Hotel Castelmar, em Florianópolis.

 

 

Dois anos depois, em 2017, os mesmos vereadores ganharam o mesmo prêmio. Material publicado pelo jornal O Iguassu, que pertence ao vereador Christian Martins, diz que “a medalha dos Inconfidentes é uma honraria especial direcionada a quem presta serviços de extrema relevância à sociedade, e exemplo para os demais, inspirados nas virtudes ensinadas pelo herói nacional Tiradentes.”

 

 

Ainda de acordo com o jornal do vereador, “as medalhas são concedidas aos vereadores, por suas atuações em defesa do bem-estar da população e são outorgadas pelo Instituto Tiradentes de acordo com pesquisa telefônica, que cita o nome de cada um dos vereadores e, de acordo, com o resultado da votação, são convidados a receberem as medalhas.”

 

 

Para garantir a lisura do processo, diz o texto do Iguassu, “o Instituto Tiradentes possui um banco de dados com mais de 120 milhões de telefones de todo Brasil. Dependendo da quantidade de habitantes de cada cidade – Probabilidade Proporcional ao Tamanho com dados do IBGE, são sorteados pelo computador entre setenta a mil e quinhentos números de telefones para fazer parte da pesquisa, objetivando sempre que os resultados representem a situação da população dos municípios.”

 

 

DIÁRIAS

Diária recebida por Christian em 2015/Reprodução
Diária recebida por Christian em 2017/Reprodução

Dos três vereadores de Porto União agraciados com o prêmio do Instituto Tiradentes, não há registro de pagamento de diárias para receber o prêmio em Florianópolis ao vereadores Calikoski e Masselai. Christian Martins, no entanto, recebeu R$ 1.350 para receber o prêmio em 2015 e o mesmo valor em 2017. Os dados constam no portal da transparência do Município.

 

 

Christian disse ao JMais que se sentiu surpreso com as informações divulgadas pelo Fantástico. “Vi credibilidade (no prêmio) por lá estarem representantes de vários Municípios. É mesma coisa quando você contrata uma pesquisa, você confia no pesquisador”, afirmou.

 

 

Sobre ter usado diárias da Câmara para receber os prêmios, Christian diz que participou de audiência em Florianópolis e fez um curso sobre emendas impositivas na mesma viagem. “Acabei indo pelo curso, se fosse só pela premiação eu nem iria”, justifica.

 

 

 

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