Viagem de fim de curso (IV)

Adair Dittrich segue sua viagem por Punta del Este                                                                                                

 

Não fazia muito tempo que o sol havia deixado a fímbria d’água do horizonte quando tomamos o ônibus que nos levaria até Punta del Este.

 

A rodovia estendia-se às margens do Mar del Plata e por seus contornos fomos deslizando por todo aquele território carregado de maresias do sul do Uruguai. Um caminho quase todo ao nível do mar com poucas elevações que à distância se observava.

 

Percorríamos as imensas campinas que não nos pareciam tão verdejantes, pois, estávamos em pleno inverno e castigadas elas já se encontravam pelo gélido vento polar.

 

Nosso ônibus desfilava também entre muitas plantações de trigo que recém estavam sendo iniciadas. Os trigais ainda estavam com pequena altura, mas, mesmo assim, vê-los a dançar, ondulados pelo vento, foi um belo espetáculo. E lembrei-me ali, que, daqueles grãos sairiam milhares e milhares dos mais deliciosos pães do planeta.

 

Mas, o que mais nos chamava  atenção eram os campos onde pastavam rebanhos de ovinos e bovinos. Perdiam-se as cabeças numa extensa linha no horizonte. Grande parte da economia uruguaia girava em torno destes rebanhos.

 

Inúmeros balneários por toda a orla semeados. Entre eles despontava o da cidade de Atlântida com muita coisa para ser admirada. E entre todas estas coisas não pudemos deixar de visitar o famoso “El Aguila”, uma estrutura artesanal, de pedra, com o formato de uma cabeça de águia e um corpo de golfinho.

 

Passamos depois por outros recantos maravilhosos daquela entrecortada costa. Em um local chamado El Parador, um bucólico restaurante no alto das escarpas, paramos para tomar uma café e desfrutar de uma panorâmica visão das encostas ao redor onde as águas ruidosamente se debatem. Onde o branco das espumas forma extensa linha a debruar o azul das águas em seu contínuo bater-se contra as escarpas e contra as areias.  Onde, ao longe, o azul do mar se confunde e se entrelaça com o azul do céu.

 

Muitas lagunas ao longo de nosso caminho. Lagunas, muitas vezes, do mar apenas separadas por estreita faixa de terra por onde a estrada se estendia.

 

O sol já se encontrava a pino quando avistamos Punta del Este. Aristocráticas mansões de veraneio margeavam quase toda a orla. Mansões em estilo barroco, vitoriano, virginiano e colonial espanhol e português misturavam-se à arquitetura moderna, bem como a inúmeros pequenos bangalôs de madeira.

 

Punta del Este já era então considerada a mais sofisticada estação balneária da América do Sul.

 

Não, nós não admiramos aquelas maravilhas todas apenas através das janelas de um velho ônibus. Nós dele nos separamos na extrema ponta aonde o Rio-Mar del Plata se confunde com o Oceano Atlântico, no ponto onde o azul de suas águas se funde entre elas e com o azul do céu.

 

E naquele canto encontramos um bucólico e inspirador restaurante de pedras construído sobre as pedras de um rochedo. De um rochedo nas encostas do mar.

 

Foi maravilhoso saborear ali a mais deliciosa mistura de frutos do mar, grelhados em cima de rutilantes brasas, e como que temperados pelas mais maestrias mãos nativas, conhecedoras do bom tempero.

 

Foi maravilhoso saborear aquelas lagostas do alto de um salão envidraçado que avançava sobre rochas, que avançava sobre um revolto mar.

 

Foi maravilhoso apreciar a preciosa cerveja uruguaia com um aroma e um sabor tão especial, servida na temperatura própria daquele inverno das costas do sul do continente. Algo que marcado ficou em meus neurônios para sempre.

 

Após o almoço caminhar era preciso.

 

E caminhando foi que admiramos aquelas brancas areias a se perder de vista.

 

E caminhando foi que nos deparamos com o Grande Cassino de Punta del Este. Cassino que atraía mais turistas brasileiros do que as belas praias de brancas areias do famoso balneário.

 

Fomos então à procura de um mirante onde pudéssemos observar as evoluções das baleias francas que, segundo alguns pescadores nos afirmaram, chegariam bem perto da costa nessa época do ano. Foi, realmente, um espetáculo à parte vê-las em seu balé aquático nos longes do oceano.

 

Imprescindível era ver o imponente Farol construído em meados do século XIX com a finalidade de orientar a navegação na entrada do Rio-Mar del Plata.

 

No retorno a Montevideo queríamos, pelo menos, passar o mais próximo possível de um monte chamado Pan de Azúcar e vê-lo enquanto ainda houvesse a luminosidade do dia.

 

Já perto da cidade de Piriápolis avistamos,ao longe, várias elevações do terreno e, entre elas, a destacar-se, a colina que lembra um pão. De uma forma um pouco diferente do nosso carioca morro. Chama a atenção por ser uma quase solitária colina entre outras elevações menores.

 

Já escurecera de todo quando fomos jantar em Montevideo. Na manhã seguinte tomaríamos um barco e com ele cruzaríamos o Rio da Prata rumo a Buenos Aires.

 

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