Candidato a presidência foi desacreditado e até ridicularizado pela mídia e por opositores. Hoje, lidera as pesquisas
VOCÊ VIU?
Quando a Rede TV! alcança 7 pontos no Ibope, quase sempre aos domingos, a direção da emissora solta foguetes. Raramente a emissora supera essa marca. Em junho deste ano, o programa Super Pop, da apresentadora Luciana Gimenez, alcançou 3,7 pontos de média, pico de 4,8 e share de 6,4%, figurando em 4.º lugar no ranking de canais abertos, segundo dados da Kantar/Ibope. A Globo, nos seus piores dias, alcança 30 pontos em horário nobre.
Os 3,7 pontos de Luciana foram igualmente comemorados. A média é de 1 ponto de audiência para o programa. Mesmo assim, o Super Pop foi citado no Jornal Nacional, da TV Globo, durante a entrevista com o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.
Quando ouvi o comentário do candidato na Globo, lembrei que não sou espectador de Luciana e nunca me interessei em ver o programa dela. No entanto, já vi várias participações de Bolsonaro no Super Pop, a ponto de, sinceramente, não saber ao certo se conheço o programa por causa de Luciana ou por causa do deputado. Não me recordo se vi as entrevistas pela TV ou no YouTube. O fato é que vi pelo motivo que as coisas viralizam na internet: tá todo mundo comentando ou te perguntando com a frase que dá título à coluna de hoje. Revi algumas das participações, agora, justamente no YouTube.
Recapitulando as muitas participações de Bolsonaro no programa da ex-modelo, é fácil concluir o porquê de Luciana convidá-lo. Bolsonaro é polêmico. Não tem meias palavras. Fala o que pensa e tá nem aí pra quem se ofende. E as maiores polêmicas foram verbalizadas no programa da ex-modelo. Polêmica, desde sempre, dá audiência. E Luciana caprichava. Sabia das posições politicamente incorretas do deputado federal e fazia questão de confrontá-lo com aqueles que representavam as antipatias de Bolsonaro. Sem trava na língua, Bolsonaro não desapontava e entregava o show que era esperado dele. Desancou adolescente que comete crime, disse que não empregaria mulher com o mesmo salário do homem e bateu boca com homossexuais e defensores dos direitos humanos.
Foi assim também que o CQC, da Band,expôs Bolsonaro em vários programas, obtendo igual repercussão.
As imagens estão rolando na internet para não deixar dúvidas.
Além de uma questão de audiência, a mídia, de um modo geral, expunha Bolsonaro a fim de ridicularizá-lo. Muita gente repercutiu essas declarações para espinafrá-lo, acusando seus posicionamentos de preconceituosos, simplistas e sem cabimento. Hoje esses mesmos comentários são usados na campanha contra o militar.
O que surpreendeu essas pessoas é que outra parcela da população, que só em Santa Catarina chega a 40% do eleitorado, segundo a última pesquisa Ibope, começava a se identificar com o discurso de Bolsonaro.
Se havia muita gente para criticá-lo, havia mais para saudá-lo.
Quem antes se sentia intimidado em expor sua opinião politicamente incorreta, passou a ser encorajado pelo perfil destemido de Bolsonaro. São essas pessoas que agora se sentem à vontade para reclamar “de tudo o que está aí”, desde questões de costumes até, claro, a principal bandeira de Bolsonaro: o combate à corrupção. O militar passou quase 30 anos no Congresso e conseguiu a façanha de não ter seu nome indiciado em nenhum processo pré ou pós Lava Jato.
FÁCIL DE ENTENDER
Não é difícil entender quem declara voto a Bolsonaro. Pelo contrário, é muito fácil. São pessoas que não aguentam mais ouvir mentiras de políticos. Para essa parcela do eleitorado, Bolsonaro foi o primeiro a falar a verdade, abrir o jogo e apresentar propostas concretas para resolver os problemas do País. Se vai de fato resolver, são outros quinhentos. O que importa é, na visão de seus eleitores, ele ter começado bem sendo sincero. “Eu não entendo de economia, mas vou chamar quem entende”. Frase que qualquer marqueteiro consideraria a pá de terra final para enterrar qualquer candidato. Para o povo cansado de enganação, é mérito.
Se Bolsonaro cresceu com uma campanha de estrutura frágil, com um discurso não muito uniforme e ideias extremistas é muito menos mérito dele e muito mais culpa dos outros candidatos.
O povo tinha dado o recado já em 2013. Não queremos mais do mesmo. E o que o cardápio de candidatos em 2018 nos apresenta? Os mesmos discursos, as mesmas caras e as mesmas mentiras cantadas sob nova melodia.
Bolsonaro é o novo? Não, tanto que está há quase 30 anos no Congresso com um desempenho fraco. Agora não dá para negar que ele fala coisas novas, aquilo que muitos dos seus adversários se recusam a falar. Assume, inclusive, posições excludentes e preconceituosas. Muitos de seus seguidores ouvem e batem palmas. Outros moderam as palmas quando discordam de uma ou outra declaração. Esses acham que o que vale mesmo é o potencial de mudança que Bolsonaro representa.
Uma das críticas feitas pelo candidato diz respeito ao Congresso Nacional. Sinceramente, alguém se importaria se Bolsonaro presidente fechasse as portas do Congresso?
A maioria bateria palmas. Se botar fogo fica melhor ainda.
Mas e o depois? É disso que precisamos falar. O que vem depois? Sem os 513 deputados e os 81 senadores, Bolsonaro estaria livre para fazer e acontecer. Grosso modo, instalaria um regime fascista no Brasil.
Para muitos, não tem problema. É o preço a se pagar.
Aqueles que já viveram sob regime antidemocrático rejeitam isso com veemência. Provas históricas existem fartamente.
“Mas com Bolsonaro será diferente”, dizem. Será? Não sei.
Quando escrevi aqui na coluna que tinha dificuldade em entender o que seria a “família tradicional brasileira” a que Bolsonaro se refere, um internauta comentou no Facebook que são os valores tradicionais que se defende. Dias depois o candidato a vice de Bolsonaro disse que criados por mães e avós são mão de obra para o tráfico. Seria essa a tradução do que pensa a chapa sobre tudo que foge a formação tradicional mãe, pai e filhos? Não sei, ninguém da campanha contestou a fala de Mourão.
Como podem ver não apresento aqui nenhuma conclusão. Escrevo apenas para fazer pensar (eu mesmo, inclusive).
Fica aqui o que escreveu Marcelo Ruben Paiva em resposta a fala de Mourão: “Fui criado pela minha mãe e irmãs, porque a ditadura matou meu pai aos 11 anos, e meu avô morreu de tristeza dois anos depois. Por isso que sou um desajustado”.
A citação não é para bater em Bolsonaro, até porque não foi ele o responsável pela ditadura que matou o pai de Paiva. É para pensarmos no futuro, quando qualquer sombra (vinda de Bolsonaro ou outro presidente) de ditadura se aproximar do Brasil.
Qualquer ensaio de regime totalitarista no Brasil pode agradar a alguns, mas qualquer um pode ser alvo quando se desestabiliza a democracia dessa forma.
Escrevo esse texto de armas depostas. Espero que os internautas, independente de quem apoiam para a disputa, leiam da mesma forma.
PESQUISA
Saiu mais uma pesquisa Ibope nesta segunda-feira, 24. Foram ouvidos 2.506 eleitores entre sábado, 22, e domingo, 23. O nível de confiança da pesquisa é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem a realidade, considerando a margem de erro, que é de 2 pontos, para mais ou para menos.
Os resultados foram os seguintes:
- Jair Bolsonaro (PSL): 28%
- Fernando Haddad (PT): 22%
- Ciro Gomes (PDT): 11%
- Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
- Marina Silva (Rede): 5%
- João Amoêdo (Novo): 3%
- Alvaro Dias (Podemos): 2%
- Henrique Meirelles (MDB): 2%
- Guilherme Boulos (PSOL): 1%
- Cabo Daciolo (Patriota): 0%
- Vera Lúcia (PSTU): 0%
- João Goulart Filho (PPL): 0%
- Eymael (DC): 0%
- Branco/nulos: 12%
- Não sabe/não respondeu: 6%
A pesquisa reforça a polarização entre esquerda (Haddad) e extrema-direita (Bolsonaro), empurrando Ciro para o terceiro lugar.
Os dois caminham para o segundo turno com Bolsonaro em desvantagem em relação a Haddad. A taxa de rejeição do militar é de 46% ante 30% de Haddad. É nisso que vão se apegar a partir de agora, Ciro, Marina e Alckmin. Eles vão tentar fazer colar a ideia de que mandar Haddad e Bolsonaro para o segundo turno é eleger o PT.
CAMINHADA

“O céu lindo azul de hoje está também dizendo que chegou a nossa hora”. Com essas palavras o candidato a deputado estadual Renato Pike (PR) recebeu mais de 500 pessoas em frente à Igreja Matriz de Canoinhas na manhã de sábado, 22.
O encontro foi para promover uma caminhada que aconteceu durante a manhã nas principais ruas do centro de Canoinhas.
Durante a tardePike também realizou caminhada pelos bairros de Três Barras.